Deus, um dia, chamou Abraão e Sara e lhes havia prometido uma descendência enorme como as estrelas do céu. Apesar dessa promessa para o casal, Sara continuou estéril, era idosa e já havia perdido a esperança de conceber. Apesar da aparente impossibilidade, seria ela quem daria à luz ao herdeiro que abençoaria todas as nações, como Deus havia prometido (Gênesis 17.15-16) – porquanto não há nada impossível para Yahweh (Gênesis 18.14)
Deus, então, visitou Sara, que no tempo predito, aos 90 anos, deu à luz a Isaque, que se tornou o herdeiro de Abraão (Gênesis 21.12). Esperaram em Deus e Ele os abençoou como havia dito. Não no tempo desejado ou na urgência de suas condutas, mas no tempo preciso e determinado para que a Palavra de Deus se cumprisse cabalmente. Deus não permitiu que as vãs e tolas escolhas daquele casal alterassem seu plano perfeito e soberano para a humanidade. E é assim também conosco, pois nem as nossas vãs e tolas escolhas podem mudar quem ele é, ou alterar o seu plano eterno para a redenção dos povos.
Agora, no texto que lemos, nos deparamos com a experiência de Abraão, que em obediência à ordem divina deveria sacrificar seu filho, aquele que era o herdeiro da promessa, agora já um rapazola. O verso 3 diz que Abraão levantou-se de madrugada para cumprir seu voto, e ele próprio preparou as coisas para a viagem da entrega de seu filho, uma jornada de uns 80 Km. Um homem marcado pela dura caminhada da fé, coragem e obediência.
No caminho próximo ao local do holocausto, Isaque e Abrão agora sozinhos, levavam a lenha, o fogo, e o cutelo (uma faca específica para holocaustos), mas não havia o cordeiro para o sacrifício. Isaque, então, faz a indagação muito apropriada ao seu pai, narrada em Gênesis 22.7-8: “Onde está o cordeiro para ser imolado?” Abraão responde com a celebre frase de fé e confiança de um homem obediente a um Deus fiel: “Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto”.
Parece claro que Isaque começa a compreender que ele seria o sacrifício (sacrifícios humanos aconteciam naquela época e naquela região). E mesmo entendendo o amor de seu pai e amando a vida, como qualquer um de nós, ele confiou no Deus que tudo provê. Agindo assim, ele se dispõe a fazer parte da história, coatuando com seu pai na construção de uma fé inabalável em Deus, aquele que tudo provê.
O mais lindo, entretanto, é que João Batista, no Novo Testamento, quase 2.000 anos depois, é quem responde com extrema assertividade a pergunta feita por Isaque sobre onde estaria o cordeiro para o holocausto. João Batista diz sobre Jesus de Nazaré: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1.29).
Deus proveu o cordeiro no lugar de Isaque – no caso de Abraão e de sua grande fé, um cordeiro foi dado por um filho. Para Deus foi o contrário – um filho foi dado por um cordeiro. Deus não poupou o Seu próprio filho, antes o entregou em nosso lugar por amor a nós, pecadores (Romanos 8.32). A mesma mão que segurou o cutelo da mão de Abraão, evitando assim a morte de um inocente, é a mão que desceu o cutelo sobre o seu próprio filho, o inocente; e ambos episódios aconteceram no mesmo monte, local onde foi cravada a cruz bendita de Jesus. O Monte Moriá, que é também o Gólgota, foi assim o palco para a maior demonstração do amor de Deus para com todos. Ali, Cristo se fez nosso cordeiro pascal, e se entregou livremente por cada um de nós, imolado pelo seu Pai, pagando as nossas dívidas e nos reconciliando com o Deus, nós os que cremos em seu nome.
Devemos nos alegrar, pois nosso Deus é por certo o Yahweh Yereh, o Deus que proveu, provê e sempre proverá para os seus! Devemos viver assim, em obediência e fé, crendo que em tudo ele está dirigindo nossa frágil existência e nos conduzindo ao triunfo, como sempre fez e sempre fará.