O patriarca Isaque encontrou sua esposa de forma miraculosa e sobrenatural. Abraão, seu pai, pediu a um servo de confiança que fosse de volta à sua terra e à sua parentela e escolhesse uma esposa para Isaque dentre as mulheres de sua família, pois queria que Isaque tivesse um padrão social e religioso dentro daquilo que Abraão acreditava. O servo encontrou Rebeca. Ele ficou muito impressionado com a postura e disposição da moça. Ela era sobrinha de Sara, mãe de Isaque, e Deus mais uma vez havia respondido as preces do patriarca e de seu obediente filho, dando-lhe a formosa Rebeca como esposa, que largou sua família e suas raízes, e imediatamente seguiu para ser também benção para todas as nações, como Deus havia prometido a Abraão, e reiterado a Isaque (Genesis 26.3-4).
Isaque tinha 40 anos quando se casou com Rebeca, que depois de 20 anos casada e sem filhos, pois era estéril como sua sogra Sara, ficou grávida também de maneira sobrenatural; e ela concebe gêmeos! O mais velho nasceu ruivo e com muito pelo, e recebe o nome de Esaú, que significa “peludo” (que mais tarde se chamaria Edom, que significa “Vermelho”); na sequencia nasce o mais moço “segurando” o calcanhar de seu irmão, e lhe deram o nome de Jacó, que significa “o que segura o calcanhar”. Eles se tornaram grandes inimigos.
A intriga entre eles começou já no ventre de sua mãe que sentia os dois “brigarem” em seu útero. Deus disse a Rebeca que dela sairiam dois reinos, dois povos poderosos, contudo o mais velho serviria o mais moço, o que de fato veio a acontecer.
Os dois crescem e Esaú se destaca como homem do campo, mais rústico, um caçador, enquanto seu irmão se tornou companheiro de sua mãe, mais “pacato”, como relata a Bíblia, e morava em tendas. Os dois dividiam o amor de seus pais: Isaque, mais próximo de Esaú e Rebeca mais próxima de Jacó. Sempre tensa a relação entre os meninos, como já havia predito o anjo do Senhor.
Na cultura daquele povo, o filho mais velho receberia as bênçãos da herança paterna, enquanto os outros filhos receberiam heranças parciais. O mais velho seria “senhor” de seus irmãos, contudo Yahweh já havia anunciado que Jacó era a semente escolhida, e não Esaú. Para complicar a situação de intriga, uma determinada ocasião Esaú chega faminto em casa, vindo do árduo trabalho do campo, e encontra seu irmão cozinhando um prato de lentilhas vermelhas, um ensopado grosso, cheiroso e saboroso. Esaú pede um pouco do “vermelho”, como diz a Bíblia, e sem perda de tempo, Jacó o fez jurar que, por aquele prato vermelho ele abdicaria do seu direito de primogenitura, em favor de Jacó.
Esaú declarou que estava a ponto de “morrer de fome” e que de nada lhe valeria o direito à primogenitura, ou seja, considerava-o sem valor algum. Desprezou uma bênção sem precedentes, uma herança eterna! Ao contrário, Jacó dava muito valor àquela benção e decerto pagaria bastante por ela, caso fosse necessário. Mas nem precisou pagar muito caro, pois Esaú faminto e desesperado “vendeu” o direito herdado de sua primogenitura para seu irmão mais moço – por um prato de lentilhas! Ele despreza o intocável e eterno, pelo material e efêmero. Que pena!
Não podemos desprezar o que Deus nos confiou, especialmente pelo seu chamado eterno de nos fazer seus filhos e filhas, herdeiros de toda sua riqueza. Isso e muito sério. Precisamos dar valor à herança a nós confiada e viver de modo digno dela – herança em Cristo para sermos bênçãos para as nações. Temos que ter cuidado para não sermos seduzidos por esse mundo vil e cair na tentação de trocar as bênçãos da herança divina por “pratos de lentilhas”.
Que ele nos ajude a aprender com estes dois irmãos da Bíblia, para que valorizemos aquilo que graciosamente recebemos das mãos de Deus e ao mesmo tempo desprezemos a atração do mundo, para vivermos em plenitude as bênçãos eternas dadas a nós, filhos e filhas da promessa.