Neste domingo proponho uma reflexão sobre mudanças. Todos experimentamos algum tipo de mudança na vida, seja de residência, de pensamento, de relacionamentos interpessoais, de fé, de preferências… Somos pessoas muito diferentes do que já fomos. Muitos já mudaram muito e viram que pouco mudou. Outros não mudaram e acham que mudar é bobagem. Alguns sempre mudam, mas nunca dá certo. Outros já mudaram e agora deu certo e não querem mudar mais. Pois mudar é necessário, mesmo que nem sempre dê certo. Então vamos pensar sobre mudanças a partir das Escrituras Sagradas.
Mudança é uma das tônicas muito fortes que perpassa os textos acima referidos. Jeremias denuncia que há pastores que destroem e dispersam as ovelhas. Isso deve mudar. Marcos registra que os apóstolos vêm à presença de Jesus e relatam sobre os acontecimentos de suas viagens. Já fizeram muito, Jesus tem compaixão deles e convida-os para o descanso, em clausura, num lugar deserto. Mas quando Jesus vê a multidão que os acompanha, “como ovelhas que não têm pastor”, ele muda a agenda e atende aquela gente excluída. O texto aos Efésios fala de mudanças. O povo rebelde, raivoso, inimigo de Deus, separado por um abismo, foi reconciliado pela cruz de Jesus Cristo. Deus fez de tijolos dispersos um edifício bem ajustado sobre a pedra angular, que é Cristo Jesus. Que mudança profunda!
O texto de Marcos, objeto central desta reflexão, relata que, movido pela dor da multidão que lhe toca nas entranhas, em suas emoções e sensibilidades, Jesus muda todo um planejamento e toma a decisão consciente de atender a multidão. Jesus mudou a agenda de sua igreja em face do clamor do povo, como foi também no êxodo, quando Deus disse: “Eu ouvi a aflição do meu povo (Êx 3.7). Lembrou-se de sua aliança […] e atentou para a sua condição” (Êx 2.24-25). Tanto no Egito como na própria história de Israel, em vários momentos há misérias, clamores, reclames, porque as autoridades não cuidam da vida digna do povo. Ezequiel 34 e Zacarias 10 relatam os planos de Deus em destituir lideranças porque o povo estava como ovelhas sem pastor. Conforme Jeremias 23.1-4, Deus condena os maus pastores. Denuncia que há pastores que destroem e dispersam as ovelhas. Isso deve mudar. Deus vai afugentar esses pastores e vai, Ele mesmo, reunir e cuidar das ovelhas de seu rebanho. É o que Jesus faz aqui em Marcos.
O convite que Jesus faz aos apóstolos para ir a “um lugar deserto para repousar” é convite também para nós hoje, Ele cuida bem de seu próprio rebanho. O “ativismo” afobado não ajuda as lideranças nem o rebanho. Nós também somos ovelhas do rebanho de Jesus, precisamos de cuidado e atenção. O barco é um lugar importante para edificar a vida de fé e comunhão, pois Jesus resume a clausura e o descanso planejados para o deserto em um curto tempo no barco. Muitas vezes em nossa jornada, descansamos no Caminho. Ali somos alimentados para a vida e para ajudar no cuidado das ovelhas do Senhor, afinal, elas nos aguardam em nossos destinos esperando cuidado e vida.
Somos desafiados neste tempo a seguirmos os exemplos de Jesus. Reflitamos sobre onde precisamos mudar. Se nos envolvemos uns com os outros e relatamos a Jesus tudo o que acontece em nossa jornada, se nossas entranhas se movem na direção do outro, se os clamores ao nosso redor fazem com que mudemos nossas agendas, se descansamos na presença de Jesus, mesmo sendo no caminho da vida. Afinal… mudar é preciso!