Tempos Difíceis

Vivemos tempos de muitos perigos e eu não estou me referindo aqui a atentados terroristas, guerras, assaltos, e tantas outras brutalidades que vivemos em nosso cotidiano, fruto da violência, ganância e do desafeto humano. Eu me refiro ao perigo duplo de (a) banalizar a Palavra de Deus, de torná-la muito comum e nos aproximar dela sem uma expectativa de que ela pode transformar o nosso pensamento e a nossa conduta; e de (b) apresentar essa mesma Bíblia, mascarada e distorcida de sua verdadeira mensagem. Isso é muito sério!

Há uma cultura religiosa muito arraigada em nós que nos paralisa em muitos aspectos de nossa vida cristã. Partimos do pressuposto que sabemos sobre a Bíblia, somente porque ouvimos sobre ela. Não a estudamos e nem a amamos. Muitas vezes, somente repetimos a “velha estória” do cristianismo religioso. Penso que falta algum elemento crítico nos bancos das igrejas, onde normalmente, infelizmente, a mediocridade impera. Também, há o risco que corremos de muitos assumirem o que é dito nos púlpitos pelo Brasil afora como “verdade inquestionável”, sem ao menos verificar sua veracidade. Tenso.

Há de se pensar também que não adianta somente ler a Bíblia se suas verdades não forem colocadas em prática. Precisamos nos aproximar dela com muita fé, temor e consideração, entendendo que ela é a Palavra Viva e eficaz, do Deus vivo e soberano. Ela muda e transforma corações.

Hoje, infelizmente, presenciamos um movimento “evangélico” que não tem interesse em pregar a genuína Palavra de Deus, mas sim, atender aos desejos dos corações vorazes e insaciáveis da humanidade sem Deus. O objetivo de muitos púlpitos é somente promover o bem-estar das pessoas, prometendo um cristianismo raso e mentiroso. Um exemplo, é a busca desenfreada para receber as promessas das chamadas “bênçãos”, que é uma falácia de uma sociedade religiosa frágil, sem interesse em Deus e nas coisas do Reino Eterno de Jesus Cristo, seu filho.

Observe, para isso, que apesar de tanto se falar em Deus e em “igreja”, apesar do crescimento numérico dos chamados evangélicos no Brasil, apesar de apregoarem que o “Brasil é de Jesus Cristo”, o que vemos é um momento de caos moral e social como nunca vimos antes. O que presenciamos é uma onda de criminalidade e imoralidade que nos atemoriza. Para mudar essa realidade, devemos ansiar para que os valores do cristianismo expostos na Bíblia Sagrada venham a ser vividos, de fato, por cada crente, e que estes valores venham a exercer influência em todos os seguimentos de nosso país, não de forma leviana e mentirosa. Essa deve ser nossa oração, se de fato queremos mudanças e desejamos a expansão do Reino de Deus.

Devemos buscar cooperar no estabelecimento, pela Palavra de Deus em nós, vivida e experimentada, do Reino de paz e justiça, em antecipação ao cumprimento da promessa do Reino eterno de paz e justiça nesta terra, que ainda está por vir. Para que a justiça e a paz reinem hoje, devemos voltar a valorizar as Escrituras Sagradas como a Palavra de Deus, elemento transformador da humanidade – e vivê-la com intensidade. É através da Palavra incorporada em nós, ela dentro de nós, vivida através de nós, é que teremos condição de experimentar uma vida mais excelente.

Que Deus nos capacite a viver desta maneira. Amém.

Os comentários estão fechados.