É provável que você já tenha lido este Salmo, ou alguma porção dele. É um Salmo acolhedor (v.4), que nos traz uma sensação de conforto e segurança em uma leitura rápida. Mas, e se a leitura for mais profunda? A sensação continua? E a pergunta mais importante seria: O que queria mostrar o salmista ao escrever o texto?
Quando pensamos no tema “Salmos e canções para a vida”, alguns sentimentos, sensações ou pensamentos podem ser despertados; Pensamentos de uma vida alegre, despreocupada, sentimento de louvor a Deus em todo tempo e sensação de conforto nas Promessas de Deus. Se este não é o seu caso, pelo menos você deve ter pensado ser este o objetivo da criação desta temática. E de fato estes pensamentos, sensações e sentimentos devem ser despertados ao ler os livros dos Salmos. E sim este é o objetivo do tema! Mas…cuidado! Se tudo isso (pensamentos, sensações e sentimentos) for despertado por uma leitura e interpretação equivocadas, corremos o risco de tratar os Salmos como mantras, leis para benefício próprio, validação de superioridade perante aos “inimigos” e “ímpios” (v7 e 8 – seja lá quem for que estamos colocando nesta lista) e até direito de cobrança perante a Deus. É claro que quando colocado desta maneira podemos antecipadamente perceber que estas tratativas são um erro, mas uma análise honesta ainda que não muito profunda pode nos enquadrar, mesmo que “sem querer” em uma delas. Se você for atento vai perceber que o próprio diabo cita o Salmo 91 (v.11) quando o Espírito conduz a Jesus para ser tentado no deserto (Mt 4.6). Jesus corrige a interpretação equivocada propondo uma realidade confrontadora (Mt 4.7). E neste caso o que fazer? Como interpretar o texto?
É o próprio salmista quem nos responde! O início do Salmo propõe a condição de interpretação, citando que todos os benefícios deste Salmo são para “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo…”, como uma condição; que se repete no verso 9 e é acrescida no verso 14 da expressão que implica o amor ao Altíssimo. Perceba que o salmista diz que as benesses de Deus são para aqueles que habitam em seu esconderijo e não para quem corre para lá quando a “coisa aperta”. Habitar Nele é antes de tudo se fazer humilde, e enfrentar a dura REALIDADE de que somos incapazes de viver nossa vida por nossa própria força. Pode parecer uma fala simples e do comum dicionário do evangeliquês, mas viver de fato entregando as rédeas de sua própria vida não é nada fácil. Perceber que Ele é Deus e nós não somos nos momentos e decisões cotidianas é tarefa complexa. Se você fizer uma análise honesta perceberá que habitar sob as asas do Altíssimo (v.4) não é algo que fazemos “naturalmente”; demanda esforço contínuo. Destituir nossa própria vontade de controlar nossa vida é chave nos entregar totalmente ao exemplo de Jesus é criar em nós um novo comportamento social, moral e físico. Como não temer os perigos da vida (v.5-8)? Percebendo que ao construir nossos infalíveis escudos, eles falharão! Não só porque não sabemos onde colocá-los, mas também não sabemos de quem ou de quê devemos nos proteger. Nossa visão é limitada! Quem são os inimigos? Quem são os ímpios, senão aqueles que são contra o próprio Deus, como nós mesmos já fomos (Ef.2.3)?
Como o próprio diabo informou em Mateus 4.6, é de Jesus que o salmista falou, mesmo fora de seu tempo e mesmo sem saber; e por extensão quem nós somos N’Ele (1Cor 15.22 – Rm.3.24-6.11 – Gl.2.17-3.26-6.15 – Ef.2.10-13).
Fora de Cristo, somos nós os ímpios. Somos nós os inimigos. Nele poderemos ter uma vida alegre, despreocupada, louvando a Deus em todo tempo e com a sensação de conforto em Suas promessas lembrando sempre que habitar no Altíssimo e amá-lo são as chaves para entender o que de fato são Salmos e canções para vida.
Que habitemos no Altíssimo!