Repensando o Relacionamento com Deus

Tenho repensado nas igrejas e pessoas crentes em Jesus que passam por sofrimento, por guerras, lutas e tribulações. Percebo como o nosso Deus trabalha conosco nestes tempos difíceis. Tem sido assim por toda a história, essa nossa história que o Eterno dirige e governa com seu poder e com sua soberania.

Nas viagens missionárias que o Senhor tem permitido que eu participe, em lugares muito sombrios e sob atmosferas bem hostis, percebo também que, apesar de tamanho sofrimento (e já convivi com muitas igrejas sofredoras e perseguidas, e pessoas com muito sofrimento), conheci igrejas e pessoas cheias de fé e alegria. Povo que, diariamente, festeja a vida e a graça divina, mesmo sob sofrimento e tribulação. Vi e experimentei igrejas cheias do Espírito Santo, que cantam e louvam a Yahweh, à despeito das circunstâncias. Vi igrejas resilientes, mesmo vivendo traumas após traumas.

Pensando nisso, uma pergunta voltou ao meu coração: Será que é possível ter uma relação com Deus despojada de interesse? Será que, de fato, me relaciono com o Criador de maneira gratuita e sem necessidade de retribuição? Precisamos responder essa questão, e o livro de Jó é, por certo, o texto mais apropriado para nos ajudar a refletir sobre como nos relacionamos com Deus e quais são as nossas reais intenções para com ele. Para começar, precisamos ser honestos conosco mesmos e fazer um autoexame para constatar nossa real situação.

Muita gente pensa que o livro de Jó trata da paciência de seu principal personagem, ou que fala do sofrimento humano, ou mesmo a questão sobre a figura do mal e seu papel em nossa história. Isso tudo está no contexto do livro, contudo, o verdadeiro tema de Jó é justamente a resposta para a indagação acima – como nos relacionar com o Deus Eterno sem barganhas e sem outras pretensões, mas somente amá-lo de todo o nosso coração.

O povo de Israel entendia o relacionamento com Deus com base numa teologia muito perigosa e perniciosa, a teologia da retribuição: Deus retribui mal com o mal, e bem com o bem. O autor desse drama de Jó nos apresenta uma maneira bem diferente do pensamento vigente: Deus se relaciona com seu povo através da fé, do amor e da graça, exercidos sob seu poder soberano, visando o bem de cada um de nós, à despeito das circunstâncias. O amor a Deus, percebido com toda clareza na vida de Jó, gerado por um relacionamento despretensioso de confiança, fé, amor e graça, se contrapôs com o dogma da retribuição que estava em voga.

Da mesma forma, para nós hoje, nosso amor e lealdade a Yahweh é que deve gerar um relacionamento autêntico e intenso para com nosso Salvador. Precisamos nos relacionar com o Altíssimo sem interesses e somente baseados em sua Santa Palavra e suas preciosas promessas – que nos conduzem sempre em triunfo. Devemos prezar o simples fato de termos o privilégio de tê-lo como amigo e ponto final. É assim que devemos viver. É assim que ele quer que nos relacionemos com ele.

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