Chega o tempo do Natal e o corre-corre aumenta em nossas vidas. Em tempos de pandemia então a coisa complica muito mais! Não sei se é assim para você, mas para mim e minha família é tempo de “dar o último gás” para acertar nossas pendências.
E nem precisa dizer! Já sei que o tempo não será benevolente.
Mas em meio a tudo isso, existe algo que se faz necessário…necessário não, imprescindível! Precisamos encontrar em meio a tudo o que estamos vivendo, o motivo, a razão e o centro de importância da vida. Por mais que esta pareça uma frase zen ou um clichê do mais raso envangeliquês, ela retrata uma verdade dura que deve ser relembrada e revisitada em qualquer época do ano.
Aproveitando a época…será que podemos encontrar na história bíblica do Natal (aproveitando nosso contexto cristão), tal reconexão com o que é mais importante (Sinta a ironia da frase)?
Olhando para Mateus 2.1-12 vemos que ele retrata uma visão muito particular sobre a história do nascimento de Jesus, que acaba por trazer a nós um olhar que traspassa sua história criando a conexão deste evento com o Messias com quem ele conviveu.
Mateus era cobrador de impostos em Cafarnaum quando foi chamado por Jesus, de imediato entendemos que ele era publicano (ver Mateus 9.9 – 10.3 | Lucas 5.27) o que significa que ele era um Judeu que cobrava impostos do povo Judeu em nome do império romano, consequentemente era odiado pelos judeus (ver Marcos 2.6). Guarde esta informação!
Lendo o texto no v.1-b aparecem os “magos” (μάγοι – magi ou magói – observador de estrelas) do oriente.
Religiosos, sacerdotes, pagãos (provavelmente masdeístas), estudiosos, com posses e bens vindos da Pérsia, Índia ou Arábia.
Antes de continuar vamos acertar alguns ponteiros quanto a estes homens, podemos? Não eram 3! A bíblia não relata o número deles. Não eram reis! A bíblia não informa se eram da realeza ou se governavam alguma região (o título de reis foi incluído no século III provavelmente por conta da profecia do Salmo 72).
Sabemos que eram magos e ponto. Historicamente é improvável que esta comitiva fosse de apenas 3 homens. Eles eram importantes e sabemos que eram intelectual e religiosamente desenvolvidos em suas ciências.
Mas, como é que isso foi acontecer? Uma comitiva liderada por magos (homens muito inteligentes e doutos) de um contexto religioso diferente, entrarem em uma cidade de judeus dominada pelo império romano para prestar ADORAÇÃO a um rei desconhecido?
Deus move os astros do céu e usa a religião de gente de tão longe para mostrar que o Seu Poder e controle não é delimitado, nem pela distância, nem por aqueles que o seguem (ou deveriam), nem por um contexto religioso e nem por qualquer ciência ou conhecimento de esfera necessariamente cristã. Seu poder não tem limites e não é limitado nem pela crença, nem pela história.
Estes “pagãos” entraram em uma cidade hostil (Dominada por Roma e cheia de judeus) guiados por sua crença e enfrentaram risco de morte (v.3) ao entrar no palácio de um governante romano e proclamar sua intenção de adorar a um nascido rei (que não era Herodes e nem nenhum dos seus, nem césar e nem nenhuma autoridade romana).
Nem com todos os seus recursos e ferramentas intelectuais e religiosas (sacerdotes e mestres da Lei – v.4) Herodes consegue achar este rei.
Ele apela então aos magos (v.7)…sem sucesso, a mentira é o que lhe resta.
De um lado uma ciência e religião que se dobram a uma revelação que lhes é superior e de outro uma ciência e religião que se negam a enxergar a grandiosidade do que lhes é colocado e desencadeiam ódio e perseguição.
Preste atenção, Deus informa com exatidão a localização de Jesus a pessoas que estavam a “meio mundo” de distância e ao mesmo tempo impede Herodes que está a poucos quilômetros de achá-lo.
Pergunta: Este Deus de Poder precisava de homens tão distantes para mostrar seu poder?
Definitivamente não, mas ele usa homens que não o conhecem do mesmo modo como os judeus o conhecem (perspectiva de Mateus), para mostrar a nós que seu poder também age fora dos nossos olhos e alçadas religiosas.
Ele conecta tudo com perfeição “milimétrica” de tal modo que os presentes dados (ouro, incenso e mirra) são usados para financiar a viagem e sustento de Jesus e sua família enquanto fugiam para o Egito (Mateus 2.13-14).
Deus revela em seu Filho, nossa Salvação, quem Ele é nos mostrando que seu controle é completo sobre TODA a história humana, seja ela individual ou coletiva, documentada pelos livros de história ou não.
Somos chamados a abrir mão, do controle, de nossas convicções e direitos religiosos e nos alinhar de modo consciente ao Deus que cumprirá em nós TODO o Seu Plano Divino.
Que a medida em que Sua Palavra se revela a nós, nosso comportamento e nossa vida seja intencionalmente moldada ao serviço de Deus, que TUDO controla e o Natal nascerá novo, de novo em nossos corações.
Voltemos ao foco, ao núcleo, ao motivo e ao centro de nossas vidas, Jesus Cristo filho do Deus vivo!
Feliz Natal a todos aqueles a quem ele quer bem (Lucas 2.14)!