O tema desse mês de outubro é: A mudança de mundos – nossa fé mais plenamente bíblica e internamente consistente. O Evangelho de Jesus – o verdadeiro Evangelho – é atemporal. Ele sobrepõe tempos e mundos, e culturas e povos. A nossa fé deve estar nesse Evangelho. O nosso erro é confundirmos o que é o Evangelho com nossas percepções individuais, nossos valores culturais. E essa confusão existe desde os primórdios do Evangelho.
O trecho que vamos estudar hoje está no meio do sermão do monte, que começa a ser narrado em Mateus 5:1. Jesus estava falando para os seus discípulos. Ele viu que estava cercado pela multidão, sobe ao monte e ensina seus discípulos. As advertências aqui são para sua igreja. E, por isso, é para nós, hoje.
Jesus em todo tempo está falando do seu evangelho, do verdadeiro evangelho. E podemos ver como é fácil perdermos esse foco. Nesse capítulo 5 de Mateus temos 3 indicações de como podemos viver o verdadeiro evangelho, baseado em Cristo; e não um falso evangelho, baseado em minhas percepções de mundo.
Primeiramente, o verdadeiro evangelho é superior à lei dos homens. No versículo 17, Jesus nos ensina que ele veio trazer profundidade à lei, pois Ele mesmo é a lei. Durante boa parte desse capítulo Jesus fala um trecho da lei e mostra como o verdadeiro evangelho pratica a lei de maneira mais profunda e mais complexa. A lei dos homens é limitada, e enquanto nosso foco estiver na lei dos homens não conseguiremos entender a dimensão da graça do evangelho de Jesus. Ele exemplifica falando de homicídio, do adultério, dos juramentos e do amor aos inimigos, do dar esmolas. A lei tem conceitos sobre esses pontos, e o que Jesus nos mostra é que o verdadeiro evangelho vai além. O verdadeiro evangelho tem como base o caráter de Cristo, que veio para servir e morrer por quem estava afastada de Deus Pai.
O segundo alerta é que o verdadeiro evangelho não tem base em mérito (v. 20). Os escribas e os fariseus tinham orgulho de seguirem a lei. Pensavam que, ao seguir a lei, seriam justos. Mas esse tipo de justiça não é a justiça do Evangelho de Jesus. No verdadeiro evangelho, somos salvos pela graça. Não por sermos bons o suficiente. Não por seguirmos as regras. Não por sermos “limpinhos”. Tim Keller, falando sobre a história do filho pródigo, nos traz o alerta sobre os “filhos mais velhos”, que estavam sempre seguindo as regras do Pai, ficaram em casa, com comportamento exemplar – mas estava tão longe do coração do Pai quanto o filho mais novo, o rebelde. O mérito, nossa religiosidade, nosso senso de merecimento, nossa sensação de superioridade – é um perigo! O reino de Cristo é para aqueles que reconhecem que o próprio pecado é grave. Que não há nada que eu possa fazer para merecer Jesus.
O terceiro alerta é que o verdadeiro evangelho não está focado em nos dar conforto (v.v. 46 e 47). Se estamos fazendo apenas aquilo que nos é natural, que nos é confortável, há grandes chances de estarmos seguindo um evangelho falso. Amar quem nos ama é tão fácil! Cumprimentar e conviver com pessoas que pensam como nós é tão fácil! Mas é amando nossos inimigos que manifestamos o verdadeiro evangelho. É acolhendo quem pensa diferente de nós que manifestamos a graça de Jesus. Nosso mundo precisa tanto de pessoas crentes no verdadeiro evangelho. Há tanta polaridade, falta tanto amor – vimos uma demonstração disso essa semana, no meio de uma guerra tão cruel. Precisamos viver o verdadeiro evangelho, que nos move para amar quem é diferente, que nos move para acolher pessoas e demonstrar a graça.
O verdadeiro evangelho traz o foco para além da lei, para além do mérito e para além do meu conforto. O verdadeiro evangelho, aquele baseado na Bíblia e nos ensinamentos de Jesus, me aproxima das pessoas e gera conexão, independentemente dos meus valores pessoais e do que penso. Que chamado desafiador, mas tão necessário. Que Deus nos ajude a vivê-lo!