O Vale de Ossos Secos

O profeta Ezequiel teve vá- rias experiências intensas com YAHWEH, nosso Deus, e muitas delas falam profundamente ao meu coração. Ele viveu no século VI aC e foi um dos profetas do exílio babilônico, que havia começado com o rei Nabucodonosor entre os anos 598 e 586 aC. Ele tinha muita fé, embora tudo ao seu redor não ia lá muito bem. A queda de Jerusalém teria sido um grande choque para ele, e provavelmente ainda estaria de luto pela perda de sua esposa. Quase tudo estava dando errado em sua vida, e por certo ele estava se perguntando onde a promessa da bênção de Deus se encaixava nisso tudo.

Um dia, porém, Deus fala com ele. Ele estava se sentindo triste e se perguntando o que iria acontecer a seguir, e a mão do Senhor é sobre ele e o leva para um vale. Ele vê que o vale está cheio de ossos sequíssimos. Deus não se contenta em somente permitir que o profeta veja aquela realidade caótica, mas o leva a andar pelo vale, e o confronta com aquela cena desoladora (v.2).

Deus também quer fazer assim conosco. Quando contemplamos nossos vales, nossa vida, nossa situação, muitas vezes um vale cheio de ossos sequíssimos, Deus exige de nós que não fiquemos simplesmente observando a situação, mas que a enfrentemos de “corpo e alma”. Deus nos compele a um confronto com a nossa realidade, do jeito que ela é. Ele nos faz literalmente andar sobre os nossos vales de ossos secos para que tenhamos a real dimensão do nosso problema e da nossa situação confusa e desordenada.

O profeta, quando confrontado com a realidade da vida, chega a uma conclusão óbvia e racional, bem humana – não há como reviver estes ossos secos; é somente uma cena de morte e desolação (v.3). Quando percebemos que nossa vida está semelhante a um vale de ossos muito secos, sem vida e sem esperança, em pura desolação, devemos nos quedar diante da realidade de que não podemos fazer nada. Devemos entender que somente uma intervenção sobrenatural fará diferença em nós e para nós.

Ao mesmo tempo devemos ter sempre em nosso coração a certeza e esperança de que, se Deus quiser, ele, e somente ele, fará um grande milagre em nós e por nós. Saiba que Deus quer muito fazer um milagre em nossos vales de ossos sequíssimos, mas ele também espera que nós façamos a nossa parte. Deus é o Todo-Poderoso, poderosíssimo, mas por graça e misericórdia nos permite participar de seus atos miraculosos, como co-participantes de Sua natureza poderosa. Ele nos conclama a profetizar aos nossos ossos secos.

Deus ordenou ao profeta que profetizasse aos ossos secos (v.4). Que ordem difícil! Fico a imaginar o que será que passou pela mente do profeta. Uma coisa ele sabia: que Deus podia todas as coisas, e que tinha propósito para tudo o que estava acontecendo. Se Deus mandou profetizar é porque alguma coisa iria acontecer. Ezequiel conhecia o Deus a quem servia.

O fato é que o milagre de Deus acontece sob a atmosfera de obediência, mesmo diante das impossibilidades. Não devemos duvidar daquilo que Deus é capaz de fazer. Devemos saber que é somente Deus quem realiza; e ele faz mesmo. O nosso dever é somente obedecer e aguardar a ação divina, a intervenção do Alto.

Há, sim, uma mensagem de esperança e alento para aqueles que confiam no Senhor, mesmo que estejam vivendo em meio a um vale de ossos muito secos. O seu vale de ossos sequíssimos pode estar ligado a relacionamentos que não estão dando certo, a alegria que está faltando, as dificuldades dentro de casa, a doença que invadiu seu lar, o trabalho que não tem mais, o dinheiro que está muito pouco, a depressão, a apatia ministerial, a falta de ânimo para orar, e tantos outros problemas que assolam a vida das pessoas como nós.

Portanto, não desanime, mas confie em Deus! Obedeça a sua palavra e aguarde dele um milagre em sua vida, enquanto, obediente, profetiza para que o Espirito do Senhor encha cada parte seca do vale de sua vida. Deus te abençoe!

Rev. Robson Gomes

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