O ensino de Jesus aos seus discípulos apesar de simples não era nada fácil, os discípulos entenderam a diferença entre o quão difícil era seguir Jesus e o quão complicado as leis e tradições judaicas transformavam a vida com Deus. Precisamos entender que para ser discípulo de Cristo (se é que nossa intenção é realmente essa) precisamos desconstruir cada vez mais o paradoxo religioso e os conceitos de percepção social daquilo que é “bom”, “correto” e “divino”. Para que isso aconteça precisamos encarar de frente o simples (mas não fácil) ensino proposto por Jesus sem as nossas barreiras e tradições religiosas, porque sem isso a complicação que carrega uma vida religiosa certamente nos afastará da verdade que é Cristo.
João escrevendo seu evangelho recorre muitas vezes às falas proféticas de sua tradição judaica e reescreve para seus leitores (tanto atuais quanto originários) o significado das palavras entregues ao povo judeu através de seus profetas personificando e esclarecendo suas predições com bastante simplicidade, e precisamos entender o quão difícil era o entendimento dos profetas através olhos dos religiosos judeus na época (mestres da Lei, fariseus e saduceus). Aquilo que era chamado de mistério, através de Cristo foi reinterpretado e simplificado ao entendimento de todos a quem Ele deu ouvidos para entender (Colossenses 1.26-27). Infelizmente a religiosidade cristã atual, em sua grande maioria representados por uma liderança que busca o encaixe social quer retomar não só o controle interpretativo (como os religiosos da época de Jesus), mas também ser o árbitro que conduz a vida cotidiana do povo através de uma complicada ortodoxia que está distante da vida e do ensino do Mestre Jesus.
Em João 12 do verso 37 ao verso 50, o autor narra sua interpretação dos eventos que se passavam ligando os acontecimentos, reações e falas às predições do profeta Isaías a respeito de Jesus. Ele faz com muita propriedade a assertividade a afirmação nos versos 42 e 43 dizendo que mesmo que alguns dos líderes judeus tenham crido em Jesus, com medo de serem expulsos das sinagogas, não confessaram sua fé; e aprofundando sua análise ele afirma que fizeram isso pois preferiram a aprovação (ou glória) dos homens do que a aprovação (ou glória) de Deus. João simplifica a questão! Não que ele esteja transformando a realidade vivida por estes judeus em algo fácil; não que João não soubesse o que eles sofreriam, ou até o risco a que suas vidas seriam expostas, mas João interpretando os profetas à luz do evangelho de Cristo expõe esta questão à uma objetiva simplicidade que transforma as trevas da complexidade religiosa em Luz para a revelação de Cristo.
Entenda uma coisa de uma vez por todas a Verdade (Cristo) aplicada em simplicidade revela e sempre revelará a Luz do mundo (João 8.12) aos humanos de todos os tempos e épocas. Novamente digo a vida com Cristo não é proposta fácil, mas é sempre simples! Também entenda que somos nós os religiosos a quem João se refere não há outra interpretação para toda a Bíblia senão a que nos coloca sempre em situação de confronto com quem nós somos e o que fazemos, demandando de nós arrependimento e mudança de vida.
Se dissermos que somos discípulos de Jesus e queremos segui-lo não nos resta alternativa além de seguir o Mestre, aceitar suas palavras, converter o nosso coração e falar não por nós mesmos, mas por Deus e por Cristo sabendo que não viemos para proferir juízo sobre ninguém (v.47), nem mesmo aqueles que não ouvem sua palavra, ainda que sejamos nós mesmos. O Pai será o juiz para os que não ouvem (v.48).
As palavras de Jesus são Luz (v.46) e vida eterna (v.50) para todos os que ouvirem sua simples, porém muito difícil Palavra de Vida. Assim como o Pai comissionou a Jesus somos comissionados também. Não estamos aqui para julgar (função que é do Pai), mas estamos aqui para transmitir o que o Mestre nos ordenou; palavras de cura, salvação e vida. Nada mais, simples assim! Diga o que Jesus disse e suas palavras serão Luz e vida eterna ao mundo!