Estamos prosseguindo no livro de Gênesis, e neste domingo iremos discorrer sobre a questão de Caim e sua arrogância em criar uma cidade. Ele se tornou um errante na terra, mas nunca perdeu sua arrogância e autossuficiência, o que lhe custou, e a nós também, muito sofrimento. Vamos nos ater a entender e compreender sua atitude e como isso afetou nossa vida nos dias de hoje.
Caim, depois da sentença a que foi condenado depois de assassinar seu irmão, edifica uma cidade para si. Caim, expulso da presença de Deus, decide ajuntar pessoas ao seu redor. Assim, pelos descendentes de Caim surgem as primeiras marcas da civilização pós-queda: agricultura, as artes, o avanço tecnológico. Caim sabe que, por ordem de Deus, recebeu domínio sobre a criação e assume controle, a dominação, sobre a natureza criada e sobre os seus semelhantes. Ele “força” a criação de Deus a seguir seu destino egoísta, seu destino de escravidão e pecado. Então, é da linhagem do perverso Caim que se dará início à cidade. Até mesmo a arte e a tecnologia começam maculadas pelo pecado de Caim.
Na Bíblia, o tema da cidade é muito relevante, na verdade ele é fundamental. Como já vimos, o surgimento da cidade na Bíblia tem origem na arrogância humana e na pseudo desejo de independência do homem em relação a Deus. Caim entende, movido pelo seu pecado, que a solução para os seus problemas, que ele mesmo criou, é uma só: fundar uma cidade.
Portanto, a cidade surge como a marca maior da arrogância humana contra Deus. Uma cidade criada por um homem errante, fugitivo, inseguro e cheio de medo e culpa, que foge de si mesmo e de da presença de Deus. A razão e a motivação de Caim são más, e todo o seu resultado, por consequência, foi mal.
Até mesmo a evolução da tecnologia feita pelas mãos do homem precisa ser vista sob uma perspectiva reativa da revolta. E, observe, que mesmo com o avanço da tecnologia, o ser humano declinou moralmente – o mundo sempre esteve cheio de violência. A tecnologia e a arte não criaram um mundo melhor, pois os corações dos homens são corruptos e maus. Num ambiente como este, a tecnologia só poderia ampliar o poder de fazer o mal. O resultado foi a total aniquilação de um possível esforço em buscar o bem. O que o mundo realmente precisa não é de mais tecnologia e arte humanas, mas precisa mais da vida de Deus em seus corações vazios e fúteis.
A criação da cidade por Caim é a tentativa de excluir Deus de sua vida, de se desligar de Deus, de fabricar um mundo exclusivamente humano e seu; e um mundo exclusivamente humano é fundado e mantido através do pecado, da força brutal, da violência, que é legalizada por normas gerais e leis “protetivas”.
Mas, a coisa linda desse Deus lindo é que a história da humanidade terminará com a redenção das cidades. Surgirá, num tempo ainda por vir, a Nova Jerusalém. Podemos dizer que ela será um Novo Éden “urbanizado”, ordeiro e bem-sucedido. Essa nova cidade representa o povo de Deus, redimido e sem pecado. Se a cidade humana trouxe fragmentação e dor, a cidade que Deus está preparando para os seus eleitos trará união e cura, alegria e paz; e muita paz!
Nosso futuro e esperança estão numa cidade linda, perfeita, sem pecado, que é fruto da graça e do amor divinos, e não fruto dos esforços vãos de seres humanos pecadores. Ela é a dádiva de Deus que descerá dos céus, que culminará em adoração perene e completa àquele que nos resgatou de nossos pecados e nos deu vida juntamente com ele – completamente o oposto da primeira cidade.
Creio que, como discípulos de Jesus Cristo, nossa tarefa não é fugir das cidades sombrias, mas ser testemunhas de Deus nelas. Temos uma missão de revelar o amor do Criador nas cidades, e apregoar que nele há restauração para todas as coisas.
Temos um chamado, temos uma missão. Somos convocados para prestar testemunho onde estamos e com os dons e habilidades que temos; um testemunho de que em Cristo, há sim, esperança de um mundo melhor que precisa começar hoje com nossas boas decisões e atitudes que glorifiquem ao Eterno Criador.