Desde que cheguei a Portugal faço uso semanal do sistema de Trens. Parece irônico mas aprendi a gostar de trem bem longe das Minas Gerais. Pra mim a expressão ”ôoo Trem bão!!!” faz mais sentido hoje mais do que nunca.
Na semana anterior a minha visita ao Brasil, em uma dessas ida e vindas de trem a Lisboa, percebi que eu sempre me assentava no mesmo lugar, pelo menos, no mesmo lado do trem. Levantei-me e mudei a perspectiva; foi impressionante. Parecia outra viagem, novas paisagens passavam diante de mim, e em alguns momentos nem mesmo sabia onde estava. Sentimento estranho visto que a um ano fazia aquele percurso semanalmente. Mas ao fim e ao cabo, eu chego a estação final, seguro e no horário definido.
Mas o que isso tem a ver com nossa espiritualidade? Ora, essa imagem pode ser uma boa analogia da caminhada de fé daqueles que confiam na graça maravilhosa de Deus.
Não importa quantas paradas, não importa quem entra e quem deixa o trem, não importa quem seja o maquinista, e de fato não importa nem mesmo o trem. O que importa é que os trilhos estão sempre lá indicando o caminho onde devemos chegar.
Temos os trilhos da graça divina, que de forma implacável nos atrai e nos guia. Temos as sagradas letras, que manifestam o formato dos trilhos e indicam o destino final; temos a vida comunitária que se torna um dos vagões de nossa caminhada; temos as “estações” da vida que servem como momentos de reflexão e até mesmo de possíveis tentativas, mas que são sempre referenciais para um retorno seguro aos trilhos que levam ao destino certo.
Bem, esse meu texto não está tão teológico. Ele é um singela reflexão e exercício de esperança em meio a tantos desafios da vida. Quem sabe você não está precisando “andar de trem”?
Um beijo a todos cheio de saudade e com muita gratidão.