A ressurreição de Jesus Cristo é um evento grandioso que ecoa no Chronos (o que chamamos de tempo) e tem impacto não só em nossa fé, mas também
desafia a noção “comum” do que é possível em nossa lógico e conhecimento do universo ao nosso redor. Talvez em um contexto cristão religioso a realidade da ressurreição de Cristo, por tanto ser falada e “teologizada”, já não cause tanto impacto em nossas mentes e corações como de fato deveria. A
realidade deste evento transcende o “absurdo” da vitória sobre a morte e encaminha àqueles que nela creem a noção de que a certeza lógica e experimentada do fim de tudo é falha e incompleta. Cria-se então em frente a certeza do fim da vida, uma esperança que pode parecer aos olhares desatentos; estranha, imatura e fantasiosa, mas que na verdade é uma promessa possível de que aquilo que aconteceu uma vez com o Mestre Jesus irá acontecer novamente com cada um de nós. O apóstolo Pedro em sua primeira carta aos cristãos espalhados pelas regiões do Ponto, Galácia, Capadócia, província da Ásia e Bitínia, fala sobre a esperança viva em
Cristo a partir de Sua ressurreição dentre os mortos e descreve aos seus leitores o motivo e os efeitos que este evento (a ressurreição) causa nos que
foram chamados a crer. Pedro relata em primeiro lugar que por causa da grande misericórdia de Deus, e aqui a palavra “grande” perde ou ganha efeito de acordo com o coração daquele que carece de misericórdia, essa misericórdia faz com que Ele nos faça nascer novamente (regenerar) para uma esperança viva, justamente por causa da compreensão de que Jesus provou que a morte não é mais o ponto final e por causa dessa nova compreensão da vida ganhamos algo que ultrapassa as barreiras conceituais e opinativas ganhamos a certeza de que algo nos espera além da morte e Pedro nos lembra de que esta é a herança que não pode perecer, macular-se ou desvanecer (Mateus 6.19-21). Uma herança que ganhamos e que levaremos conosco ao contrário de qualquer herança que podemos receber aqui. Pedro continua ainda explicando que essa esperança depois de provada pelas provações e dificuldades que passamos e ainda iremos passar irá ser transformada em Glória e Honra a Jesus Cristo. E de modo igualmente importante ele diz que o resultado dessa fé é a Salvação de nossas almas (Psique – Grego – ψυχή). Talvez tudo que tenha sido escrito até agora
neste texto faz algum sentido para você dentro do contexto da religião, mas a pergunta que você deve fazer a si mesmo é: Como isso se encaixa na
realidade (vida real)? Jesus ao enviar seus 12 discípulos pela primeira
vez (Mateus 10) dá uma série de instruções a eles e dentre as instruções ele os informa que várias coisas ruins poderiam acontecer e que eles não
deveriam ter medo daqueles que matam o corpo, mas não podem destruir a alma. Antes eles deveriam temer aquele que pode destruir tanto a alma
quanto o corpo (v.29). O que ele estava dizendo aos seus discípulos era que a postura deles frente aos seres humanos deveria mudar, a percepção de
que se deve agradar ou desagradar alguém e as consequências disso não deveriam mais ser pauta da interação humana e sim o compartilhar da Graça
que haviam recebido sem que nada se pedisse em troca (v.8) e é aí que o conceito da esperança viva em Cristo ganha forma em nosso cotidiano. Se
nossa vontade de ser “querido” ou percebido pelas pessoas não for destruída pelo conceito de que o único legado que podemos de fato transmitir é o
Amor e a Graça de Deus estaremos sujeitos a nos enganar e esquecer de que nossa esperança viva só existe porque o legado que nos foi deixado é de
que a morte foi vencida pela misericórdia e pelo amor de Deus. Nossa missão deve ser construir uma nova percepção da vida a partir do conceito de que o aquilo que foi nos deixado como herança é provado pelo fogo para gerar em nós Glória e Honra a Jesus Cristo através de nossas provações. Se for o nosso
próprio empenho e currículo o foco desta herança e legado, pereceremos com elas. Que Deus nos ajude a transformar nossa visão a partir da esperança
viva dada como herança a cada um de nós!