“A história, antes de ser a história dos fatos, é a história do pensamento; antes de ser história das ações materiais dos homens, é a história das ideias que deram origem àquelas ações materiais” (Luis Castagnola). Esta frase, me parece, é um bom ponto de partida para provocarmos uma reflexão a respeito do mal entre os homens. A Bíblia, sem pestanejar, declara que a maldade presente no mundo adveio da queda de nossos primeiros pais, pois os mesmos pecaram contra Deus e isso trouxe consequências terríveis a toda ordem criada, por isso, o apóstolo Paulo explicita que até a criação almeja, gemendo, o momento de sua restauração porque a mesma ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa daquele que a sujeitou (Romanos 8.18-22). Não só isso, o próprio homem se submeteu a situações diversas que demonstram a sua degradação e falência, basta vermos, por exemplo, as mortes, as doenças, as dores e os sofrimentos que todos os dias atingem a humanidade e perceberemos que o mal é mais sério que pensamos. Na verdade, o pecado é mais sério que imaginamos porque impede que a humanidade desfrute de um relacionamento íntimo, pessoal e real com Deus porque gera morte espiritual (Romanos 5.12 e Efésios 2.1).
O problema do mal (pecado) no mundo não é exclusivo do Cristianismo. A Filosofia e a Teologia (sentido lato, envolvendo as religiões) sempre tiveram que encarar esse assunto, e confesso, muitas vezes de forma não satisfatória, e penso que não o será, pois, como explicar o pecado num mundo em que o seu criador disse: “…tudo é muito bom”? A Bíblia simplesmente declara que o homem desobedeceu a Deus e essa desobediência resultou em queda e males diversos. Para se ter uma ideia como o problema do mal incomodou os pensadores (e incomoda), o proeminente filósofo alemão, Gottfried Whilhelm Leibniz (1.646-1.716), em seu intento para solucionar o problema do mal, distinguiu o mal em metafísico (limitação necessária), moral (resistência humana à ação de Deus, uma privação do ser) e físico (desarmonias particulares). Não é um assunto fácil, porém, as Escrituras, como fonte de autoridade, porque é a Palavra de Deus, é e sempre será a nossa regra de fé e prática, portanto, é nela que vamos “botar” os nossos olhos e buscar compreender, ao menos em parte, a respeito da maldade humana e a proliferação do mal.
O livro de gênesis (Γένεσις) é o livro do começo; do princípio, e nele está claro que após a queda de nossos primeiros pais, a raça humana passou a viver uma decadência moral, de modo que encontramos o relato do primeiro fratricídio, depois, a maldade do homem se multiplicando sobremaneira, e isso não agradou a Deus (Gênesis 6.1-7). Na verdade, isso foi tão terrível que o autor de Gênesis, Moisés, expressou que Deus se “arrependeu” de ter feito o homem, recurso linguístico denominado em teologia de “antropopatismo”, ou seja, atribuição de sentimento humano a Deus. Mas é interesse a tradução feita porque na língua original, o hebraico, a palavra utilizada pelo autor é “vayinachem” que pode ser traduzida também por desgosto profundo (ele sentiu desgosto profundo), talvez, em nossa língua, se justifique utilizar a ideia de arrependimento. Mas não é só isso porque Deus também limitou a existência humana sobre a terra, ou seja, ninguém permanecerá em sua condição carnal sem que experimente a morte, salvo se Jesus Cristo voltar antes para buscar o seu povo. Ela é real. É consequência do pecado no mundo.
Diante de tudo isso, qual é a solução para o pecado humano ou para o mal? Podemos dizer o seguinte: não temos todas as explicações que esclarecem e satisfazem definitiva e plenamente a origem do mal no mundo, mas uma certeza é dada pelas Escrituras Sagradas; o problema do mal (pecado) é solucionado única e exclusivamente pelo ministério da redenção pela cruz de Cristo Jesus (Gálatas 4.4-5; Filipenses 2.5-11). Toda glória seja dada a ele.