Graça e fidelidade são temas intercambiáveis; na verdade, um depende do outro. A graça só subsiste pela ação fidelíssima de Deus, e de Deus somente, do contrário não seria graça. Quando o apóstolo fala de graça, ele implicitamente se refere à fidelidade divina em aplicar sobre nós a Justiça de Cristo.
Neste texto de Tito, Paulo usa termos como amor, benignidade, misericórdia, para confirmar a ação divina no ato de buscar e salvar o perdido. Todos estes substantivos que denotam características de nosso Deus, falam da fidelidade dele para conosco, e de como ele agiu para nos reconciliar com ele mesmo. Deus nos amou e nos salvou por ser um Deus fiel, que não pode deixar de cumprir o que prometeu.
Para que compreendamos melhor o imenso amor de Deus por nós, precisamos extrair do texto algumas lições que precisam ser ressaltadas no que se refere à graça divina que nos alcançou pela fidelidade do Eterno. A primeira delas é que ela é a fonte de nossa salvação (v. 4). Devemos considerar que nossa salvação vem do grande amor que Deus tem por nós, através de Jesus Cristo. A maior demonstração da fidelidade de Deus é levar a termo nossa salvação, é concretizá-la e torná-la possível ao homem pecador ma pessoa de seu filho. O Criador, a despeito de nossas ações e esforços, decide honrar sua promessa para com a sua criação e salvá-la. A redenção da humanidade, resgate realizado na cruz, só pode acontecer pela ação da fidelidade de Deus a ele mesmo e às suas promessas. Isso é graça revelada de forma abundante. Isso é amor sem igual!
Segundo é sobre o lavar regenerador (v. 5). O lavar regenerador e renovador do Espírito Santo foi a maneira que Deus escolheu para que a sua fidelidade fosse mantida e a salvação fosse garantida e realizada. Ele, o próprio Deus, foi quem derramou desta “água” purificadora sobre nós. Mais uma vez a graça e a fidelidade de Deus estão em evidência. O Espírito aplica em nós, dentro de nós, a obra redentora do Cristo de Deus. Ele se torna o selo, a garantia, o único alicerce de nossa segurança. A ação da cruz não termina na cruz; começa na cruz. A ação do Espírito derramado sobre nós permite que nossa comunicação direta com o Pai seja estabelecida e vivamos em paz com Deus.
Por último, a graça de Deus se revela tanto no passado, no presente e no futuro (v.7). A justificação aconteceu na vida do cristão desde o dia que Cristo o recebeu. A nova criatura é nova hoje! Não há como alterar essa realidade espiritual. O que morreu, morreu; e em Cristo, o que está vivo, não morre mais, pois justificado está perante Deus. Esta é a promessa do Deus Fiel que em Cristo a sua justiça foi concretizada. Justificados já estamos, pela graça, mediante a fé em Cristo, e ponto final.
Contudo, há o aspecto futuro da salvação. A verdade é que fomos salvos por Deus, estamos sendo salvos de nós mesmos no tempo de hoje, e seremos salvos ainda num futuro glorioso por vir. A vida eterna prometida aos filhos e filhas de sua herança é algo que somente a esperança cristã pode alimentar. Sabemos o que estamos aguardando, e o fazemos na expectativa de que em breve receberemos os resultados do penoso trabalho de Jesus Cristo. Temos uma certeza no fundo de nosso peito de que tudo o que temos crido é verdadeiro, e Deus não falhará conosco, pois não pode falhar com ele mesmo. Nosso Pai é fiel, e disto não temos dúvidas.
A resposta prática desta doutrina em nossas vidas se resume em uma só atitude por parte daquele que é agraciado com a fidelidade de Deus: amá-lo sobre todas as coisas e viver uma vida cheia de gratidão e obediência aos seus preceitos. Fomos salvos por tamanha graça e precisamos responder de forma positiva à tudo o que Deus fez por nós. Amar a Deus com todas as nossas forças e também ao nosso semelhante é a melhor forma de dizer “muito obrigado”.
Que Deus nos ajude a compreender melhor sua fidelidade e amor, sua justiça aplicada em Cristo, seu propósito eterno de nos reconciliar com ele mesmo, e que vivamos vida grata e salutar diante dele e da sociedade ao nosso redor. Paz e bem a cada um de vocês!
Rev. Robson Gomes