Quando falamos em justiça, quase que automaticamente buscamos os conceitos que construímos e armazenamos ao longo da vida para dar sentido a essa “nossa” justiça. Mas, se fizéssemos uma análise, o que chamamos pessoalmente de justiça nem sempre (ou quase nunca) tem os mesmos conceitos e significados para os que estão ao nosso redor (família, amigos, colegas e conhecidos). Basta formular uma simples frase daquilo que achamos ser justo (ou injusto) e logo somos criticados e as vezes até muito fortemente. Se o sentido de justiça for aplicado (especialmente na atualidade) à política aí então é que os conceitos se tornam extremos. Por vezes tão extremos que podemos até romper relacionamentos por conta deles. Vamos pensar… Somos crentes, não somos? O Espírito de Deus habita em nós, não habita? Então “mais do que ninguém” somos aptos a definir o que é justo e o que é injusto, não é verdade? Não, não é verdade; não pode ser verdade. Porque não? Se você olhar com sinceridade para o resultado de seu “julgamento” próprio ou sua aplicação de justiça, você vai perceber que este resultado estará sempre favorecendo a você mesmo, direta ou indiretamente. Por mais correto que você seja, você sabe que nem sempre prevalecerá a justiça. Às vezes, por questões de limitação natural humana, por uma situação específica ou pelo simples fato de não conseguir ver todos os pontos de vista e não considerar tudo o que pode (e deve) ser analisado para dar o veredito (justo/injusto), você cometerá injustiça. E isto não depende do Espírito que habita em nós, e nem está ligado a ele, pois o nosso julgamento está ligado à nossa condição humana, caída e pecaminosa. Este ano somos chamados pelo nosso tema anual a lutar por justiça. E se a justiça for algo “subjetivo”, ou seja, que varia de pessoa para pessoa, então lutaremos cada um por um objetivo diferente. Proponho então, um olhar diferente para a JUSTIÇA. E o melhor modo de unificar nosso conceito é olhando para a Bíblia e extraindo de lá o que de fato deve ser considerado como justiça. Vamos lá? Veja que em Lucas 18.1-8 Jesus conta a história da viúva persistente que pedia ao juiz injusto por justiça; ele mostra que a insistência da viúva faz com que o juiz injusto (para que não seja mais importunado) julgue em seu favor. Leia bem, o juiz defere sua sentença para o bem dele próprio, e não para fazer o que é correto (afinal este juiz não teme nem a Deus, nem aos homens). Jesus compara este juiz a Deus. Para quê? Para mostrar que a justiça que provém de Deus não é a justiça dos homens, pois não existem homens justos se comparados a Deus. Ele conta ainda que Deus aplicará justiça aos que clamam. Será que isto quer dizer que, se eu orar bastante, Deus fará que sejam presos os que me perseguem? Fará com que a minha indenização judicial seja paga? Fará com que minha condição financeira seja “justa”? Fará com que o chefe que me persegue seja demitido? Não! Jesus está falando de SALVAÇÃO! E está dizendo que a fé, manifesta pela oração sincera é o que nos faz perceber que a justiça de Deus é dada pelo seu padrão incorruptível e não o nosso padrão humano. Orar é primordialmente reconhecer, por fé, que não somos e nem poderemos ser justos. É reconhecer a nossa falha e deixar a justiça nas mãos de Deus que é o único que pode aplicar a verdadeira justiça. Precisamos reconhecer que lutar por justiça é buscar a vida pela fé (Romanos 1.16-17) e deixar que o Espírito de Deus, que nos guia, nos convença desta justiça (João 16.1-16), sabendo que a Justiça Divina é a que nos salva da morte e não a lei humana e moral (Gálatas 2.11-21). Precisamos modificar nossa percepção da vida, sendo moldados pela Justiça Divina na fé que deve nos colocar em nosso lugar de pecadores, e sendo convencidos pelo Espírito de que mesmo não sendo merecedores, ele nos justificou e que essa graça deve alcançar outros (Romanos 9.1-29) através de nós que, modificados pela Justiça e moldados pela fé, libertamos os cativos e os oprimidos. E tudo pela Verdade.
Alessandro Pena