Igreja: Comunidade Dinâmica do Reino de Deus

O Reino de Deus é o governo ou domínio de Deus sobre todas as coisas. É uma realidade “dinâmica”: algo que está em movimento e constate “evolução”. Basta olharmos para Jesus e veremos esta realidade: o reino de Deus em movimento. Assim também dever ser a igreja, a comunidade do Reino de Deus.

No Antigo Testamento, não encontramos a expressão “Reino de Deus”, mas vemos Deus se revelando como o Soberano e demonstrando o poder e a singularidade do Seu reino entre e sobre  todos os povos da terra a partir do povo que Ele mesmo escolheu e formou: um estilo de vida “missional”.

Já no Novo Testamento podemos conferir alguns fatos: 1) Jesus começa seu ministério público anunciando que “o reino de Deus havia chegado”. Um governo e estilo de vida sobrenaturais estavam se manifestando a partir de então. 2) A comunidade visível e modelo formada por Jesus existia ao redor do tema e da realidade do Reino de Deus. c) A partir da narrativa de Atos dos Apóstolos e dos registros da história da Igreja em seus primeiros séculos, também percebemos esta relação direta: Igreja e Reino de Deus. Assim, nós compreendemos a igreja como “agência” do Reino, uma espécie de representação  visível do Reino.

Assim, partindo do texto bíblico lido, somos levados a considerar algumas características fundamentais da igreja na perspectiva do Reino de Deus:

Primeiro,  A IGREJA É UM COMUNIDADE DE DISCÍPULOS. O que isso significa? Que ela é uma comunidade de seguidores e, portanto, tem um Alguém a quem ela segue e, por isso mesmo, trata-se também de uma comunidade de aprendizes. Uma das principais características do seguidor é o abandono ao estado que estava antes. Depois que ouve e abraça o chamado, só há uma perspectiva: seguir o Mestre. Neste sentido, não podemos deixar de perceber que o alvo é a imitação de Cristo. Além disso, estes seguidores e aprendizes são considerados servos. Sobre ser imitador servo, Jesus ensinou: “Vocês me chamam de Mestre e de Senhor e fazem bem, porque eu o sou. Ora, se eu, sendo Senhor e Metre, lavei os pés de vocês, também vocês devem lavar os pés uns dos outros. Eu lhes dei o exemplo, para que, como eu fiz, vocês façam também” (Jo. 13:13-15). E aqui vale acrescentar a observação de Dietrich Bonhoeffer quando afirmou: “quando as Escrituras Sagradas falam do discipulado de Jesus, proclamam a libertação do homem de todos os preceitos humanos, de tudo quanto oprime, sobrecarrega, provoca preocupações e tormentos à consciência. No discipulado, o ser humano sai de sob o jugo de suas próprias leis, e submete-se ao jugo suave de Jesus Cristo.

Segundo, A IGREJA É UMA COMUNIDADE DE COMPAIXÃO E MISERICÓRDIA. No texto de Marcos 1 percebemos isso de maneira clara a partir de duas constatações: Jesus começando o seu ministério na Galileia (v.14), região de gente menos favorecida , por vezes discriminada e longe de ter o peso social e religioso de Jerusalém. Além disso, na continuação do texto, vemos Jesus saindo da multidão e dedicando tempo, atenção e cuidado com a sogra de Pedro que se encontrava enferma e a curando (vv.30,31).  Uma comunidade do reino nestes moldes, é uma comunidade que se identifica com a dor e sofrimento alheios, não exerce juízo condenatório nem existe na indiferença, mas age como instrumento de salvação. Jesus se manifestou mostrando o coração e o amor de Deus desta forma: expressão visível da compaixão de da misericórdia de Deus. E isso deve nos levar a aprender que só podemos, de fato, expressar a realidade do Reino de Deus se houver uma verdadeira manifestação de amor. Afinal, o amor é o elemento motivador e diferencial que autentica as obras do Reino. Uma consciência e uma disposição para o amor pode nos levar a compartilhar do mesmo sentimento de  Madre Teresa de Calcutá, quando disse: “Eu sou apenas um pequeno lápis na mão de um Deus escritor que está enviando uma carta de amor ao mundo”.

 

TERCEIRO, A IGREJA É UMA COMUNIDADE SOBRENATURAL. Esta característica está fundamentada em alguns fatos: ela é sobrenatural porque é uma comunidade de Deus, e a realidade de Deus pressupõe o sobrenatural, o metafísico ou transcendente. Trata-se de uma existência além do que é natural e convencional numa compreensão básica da vida. Além disso, é uma comunidade que, por causa de sua existência “em Cristo”, se manifesta naturalmente na contracultura em relação aos domínios e poderes deste mundo que são opostos a Deus. Isso fica claro na manifestação natural do poder sobrenatural de Jesus na sinagoga ao confrontar e derrotar o poder de Satanás na vida daquele homem (vv. 23-26), e até mesmo no caso já citado da cura da sogra de Pedro. Trata-se do poder de Deus se manifestando de forma natural sendo simultaneamente sobrenatural. Daí a expressão “naturalmente sobrenatural”. E assim a igreja deve seguir dando continuidade à manifestação de vida e ministério de Jesus nos dias de hoje.

Concluindo, vemos que igreja tem uma relação direta com a realidade do Reino de Deus. Todavia, não se trata apenas de uma relação conceitual, mas prática e visível, de fato e de verdade. Esse é o contexto da vida e do ministério da igreja, e nós devemos vivenciá-lo plenamente.

Os comentários estão fechados.