Havia no Antigo Testamento (AT) três ofícios principais, três classes de pessoas que exerciam funções diferentes na nação teocrática de Israel. Eram eles: os profetas, os sacerdotes e os reis.
O profeta era a boca de Deus ao povo, já o sacerdote era aquele que representava o povo diante de Deus. Ele também consultava a Deus quando o povo tinha dúvidas e atuava como juiz representante de Deus. O ofício real não começou em Israel da mesma forma que os outros dois, Deus havia legislado sobre o ofício real, mas foi num contexto de rebeldia, após o período dos juízes que a nação pediu a Samuel um rei para o povo de Israel. Havia, porém, uma promessa de um rei, filho de Davi, que viria no futuro para salvação do povo.
Resumindo, os profetas, sacerdotes e reis do AT tinham seus ministérios completamente vinculados à Lei: o profeta a pregava, o sacerdote a aplicava pessoal e especificamente e o rei a fazia cumprir nacionalmente.
Jesus Cristo cumpre esses três ofícios. O nome CRISTO significa literalmente ungido, exatamente o ato que unia os três ofícios do AT.
O direito divino dos reis é uma doutrina política e religiosa segundo a qual o poder dos reis tem como fundamento a vontade de Deus. Ao entrar em Jerusalém, como rei, o Senhor Jesus mostrou aos judeus que estava determinado em Sua Vontade a obedecer a Vontade do Pai. O propósito de Jesus em seguir a Jerusalém foi de tornar pública a sua afirmação de que ELE era o Messias e Rei de Israel, em cumprimento da profecia. Mateus diz que o Rei montado em um jumentinho foi um cumprimento exato de Zacarias 9:9: “Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta.”
Jesus veio não como um rei, mas como O REI. Os judeus não compreenderam a natureza do reinado de Cristo, pensavam que ele seria um rei terreno. Por isso, Herodes, o Grande, temia perder o seu próprio trono e, a multidão tentou fazê-lo rei na ocasião do milagre da multiplicação dos pães.
Infelizmente, o louvor que o povo derramou sobre Jesus na sua “entrada triunfal” não foi porque o reconheceram como o Salvador dos seus pecados. Eles o saudaram devido ao seu desejo por um libertador messiânico, alguém que iria guiá-los a uma revolta contra Roma. Havia muitos que esperavam que talvez Jesus seria um grande libertador temporal. Estes são os que o saudaram como Rei com seus muitos hosanas, reconhecendo-o como o Filho de Davi que veio em nome do Senhor. Mas quando Jesus não atendeu às suas expectativas terrenas, dentro de poucos dias, os hosanas se transformariam em gritos de “Crucifica-o!” Aqueles que o saudaram como um herói em breve iriam rejeitar e abandoná-lo.
Devemos ter a Jesus como Rei espiritual, lembrando Sua afirmativa de que o Seu reino não é deste mundo e que estamos caminhando para tomarmos posse de um reino que nos está reservado desde a fundação do mundo. Se o aceitarmos somente como rei material, estaremos rejeitando-o assim como os judeus o fizeram. Jesus veio como Salvador das nossas almas. Veio para nos libertar do jugo do pecado. Deixemos que Ele reine completamente sobre as nossas vidas.
Presbítero Marco Antônio