A Páscoa é a celebração cristã que centraliza e determina todas as celebrações do calendário litúrgico cristão (exceto o Advento) e se coloca assim como a mais importante data cristã. A data celebra a ressurreição de Cristo e seu triunfo sobre a morte. Para alguns de nós isto é muito óbvio e por ser assim perdemos a oportunidade e o interesse de pensar sobre este evento importante, nos aprofundar e aprender mais sobre ele, relembrando o propósito de Deus para sua criação.
E este é meu convite para todos hoje: Vamos refletir sobre a Páscoa?
Presente em todos os evangelhos (Mateus 28 – Marcos 16 – Lucas 24 – João 20) a narrativa da Páscoa retrata os eventos, reações e comportamentos de Jesus e seus seguidores depois de sua ressurreição. Destaco entre elas duas reações que me chamam atenção e as quais muito me identifico na leitura do texto. São elas as reações de ceticismo (João 20.24-30, Lucas 24.11, Marcos 16.11 e 14 e Mateus 28.17), e de temor (Mt 28.8, Mc 16.5 e Lc 24.5 e 37). Estas reações me parecem distantes do que experimento hoje ao passar e vivenciar esta celebração e me parece que sua importância foi determinante para os discípulos e o próprio Jesus nos eventos que se seguiram. Não que Jesus tenha sido pego de surpresa por elas, mas percebo que estas reações desenham o pano de fundo e o desenrolar do evento da ressurreição. Vou me explicar melhor…
Quando as mulheres, pelo menos três (Maria Madalena, Salomé e Maria, mãe de Tiago), receberam o anúncio da ressurreição de Jesus pelos anjos (Lucas 24.4-5) e o próprio Cristo (João 20.14), elas ficaram amedrontadas e esta reação extrema nos revela muito sobre o entendimento delas em relação a este evento. Acredito que o motivo da reação não seja outro a não ser a nova percepção de que ali se manifestava algo sublime e de proporção nunca antes experimentada por elas a ponto de parecer para os discípulos que o fato era loucura (Lc 24.11), e sabemos que esta reação e percepção dos discípulos permanece em muitos de nós até hoje. É por este motivo que a reação de incredulidade (ceticismo) se tornou pano de fundo para a apresentação individual e coletiva de Cristo a cada um deles.
Nos eventos que acontecem logo depois Jesus se manifesta a eles de diversas formas, em diversos lugares e utilizando várias vezes ações e falas que tem significados individuais para cada um deles, como sua revelação a Pedro na pesca (João 21.7), sua revelação a Tomé (João 20.28) e sua revelação aos discípulos no caminho de Emaús ao partir o pão (Lucas 24.31). Perceba que é sobre esta incredulidade que são construídas as revelações que recebemos da parte de Cristo. Nossa dúvida e ceticismo são confrontados por aquilo que nos parece loucura até que experimentamos a em nossa história encontros com a sua Graça e favor imerecidos, e o que nos era loucura se transforma em temor quando percebemos (ainda que homeopaticamente) a grandeza do amor que nos alcança.
Olhar para as reações que permeiam este evento pode nos abrir ainda mais a compreensão do controle detalhado de Cristo sobre sua própria história e sobre os encontros e histórias de revelação individual que impulsionam nossa história com nosso Salvador. Ele nos salvou para sua própria Glória e para revelar seu poder em nós e para nós, para que assim dia a dia caminhemos em direção ao seu propósito para nós.
O evento da Páscoa deve ser para nós a lembrança de que a morte experimentada por Jesus e que hoje nos trás vida só poderia ter sido vivida por Ele, e este amor sublime que nos alcança em forma de Graça imerecida nos revela algo que não conseguimos entender completamente até que em nossa incredulidade e arrogância sejam revelados dia a dia seu Poder e misericórdia. Só Ele em si mesmo poderia nos revelar quem é Deus! Só através de Jesus podemos entender que Ele se revela em meio a incredulidade e transforma em espanto o que antes nos parecia loucura!
Feliz Páscoa!