Muitas vezes, nós, como cristãos, experimentamos descontentamento em determinadas circunstâncias de nossas vidas – até mesmo conosco mesmos – de coisas ruins que nos sobrevêm, algumas vezes por decisões imaturas e ingênuas, e para não dizer, perigosas, quando somos atraídos pelo pecado. As consequências, muitas vezes, são desastrosas. Dessas não podemos reclamar, e sim, nos arrepender e mudar de atitude. Esses são descontentamentos que não produzem saúde e muito menos vida.

Ficar descontente não é o problema – o problema é o tipo de descontentamento que sentimos. Há descontentamentos que são ações de Deus para nos conduzir para uma nova postura, para uma ação para abençoar a gente e os outros. Quando alguém está descontente com algum assunto, que também possa trazer “descontentamento” a Deus, essa pessoa está experimentando um descontentamento santo – um termo usado pelo pastor Bill Hybels. Ele diz que: “O descontentamento santo é uma motivação para uma ação que é iniciada pelo Espírito Santo”. Pode ser um descontentamento com o pecado ou mesmo para com a dor e a tristeza que vemos ao nosso redor. O descontentamento santo flui de nosso relacionamento íntimo com Deus e produz uma ação santa.

Uma coisa importante é entender que Deus sempre nos coloca em lugares com um propósito para exercermos nosso descontentamento santo. Deus dirige cuidadosamente a vida de seus filhos e filhas para que cumpram seu bendito propósito, onde quer que estejam. Foi assim com o apóstolo Paulo, como vimos no texto que lemos.

Paulo está em Atenas com um propósito. Atenas era o centro da filosofia e da cultura daquele período da história. Naquela época, os gregos adoravam milhares de deuses e deusas. Eles erguiam estátuas, monumentos e altares para cada um deles. Eles, temendo que, talvez, tivessem esquecido de algum deus, até construíram um altar com a inscrição: “Ao deus desconhecido”. E foi exatamente ali que Deus colocou Paulo, o excelente homem de Deus, naquela cidade completamente pagã. E Paulo descobriu seu descontentamento santo logo que entrou em Atenas e viu todos aqueles ídolos espalhados por toda a cidade. Então, ele começou a fazer algo a partir daí.

Paulo começou na Sinagoga, entre seus irmãos. Esse é um modelo que precisamos seguir. Comece com sua família, parentes e amigos. Comece de onde você está em termos de geografia e influência. Busque seu descontentamento santo no seio de sua casa, de seus familiares, e peça a Deus para te usar, para abençoar os que estão mais perto; e comece hoje, comece agora!

Depois ele foi empurrado para a vida lá fora, na praça, entre os empresários, filósofos e acadêmicos. Lá é onde estão as pessoas ocupadas, fazendo negócios e compartilhando ideias, onde passamos boa parte de nossas vidas. O nosso problema é que, muitas vezes, deixamos Jesus restrito na igreja e restrito aos domingos, e nos esquecemos dele no resto da semana. Devemos levar Jesus para nosso local de trabalho, para as nossas escolas, para as nossas empresas – e de forma intencional.

E depois do mercado, Deus colocou Paulo no Areópago, entre as autoridades do povo, gente que ele mal conhecia. Foi ali que ele teve contato com funcionários do governo e líderes religiosos, formuladores de políticas e ideias, um público inteiramente pagão.

Fato é que Paulo descobriu seu descontentamento santo logo que chegou em Atenas e agora dava prosseguimento em apresentar Jesus aos mais necessitados – pobres e ricos, simples e poderosos. Por isso é que Paulo estar em Atenas não foi um acidente. Deus tinha um propósito ao levar Paulo àquela cidade idólatra.

Da mesma forma, Ele tem um propósito ao nos colocar onde estamos hoje, não só em termos geográficos, mas também em termos de influência. Onde quer que você esteja na vida agora, você não está lá por acaso ou acidente, mas está pelo plano perfeito de Deus.

Deus colocou você lá na sua sinagoga, na sua família, com o propósito de amar sua casa e seu povo; Deus colocou você lá na praça, no seu local de trabalho e estudo, com o propósito de influenciar com o Evangelho seus colegas de trabalho, seus patrões e empregados, seus colegas de escola e seus professores; Deus colocou você também lá na Colina de Marte, no Areópago, onde o seu testemunho público precisa ser prestado em alto e bom tom.

Deus tem trabalhado em sua vida para você testemunhar as boas novas de Deus, por meio de seu testemunho pessoal, onde quer que você esteja – e ele espera uma ação santa proveniente de seu descontentamento santo. Mãos à obra!