O tema deste ano de 2023 “Desconstruindo crenças e reconstruindo a fé. Viver o mesmo cristianismo em um novo mundo.” foi o guia e a ótica em que trabalhamos os sermões, e talvez, agora que chegamos ao fim de nosso ano letivo a gente consiga perceber que essa temática guia foi muito importante para nos ajudar a entender e enfrentar os grandes desafios que vivemos neste ano. Se você olhar com cuidado e fizer uma pequena retrospectiva, talvez perceba que muitas das convicções religiosas que faziam parte da nossa percepção da vida já não estão mais lá e isso é muito bom, pois o que sobra de nós quando nos despimos da religiosidade é a fé genuína em Cristo. Entender que nossa religiosidade é apenas um meio de expressão e manifestação da fé é importante para que não haja confusão entre ela e o próprio Cristo, como se nossa maneira de expressar a fé fosse o modo único e correto da manifestação de Deus no mundo, portanto a desconstrução de nossas crenças religiosas é obrigatória para aqueles que vão enxergar a ação de Deus no mundo e no dia a dia. Muitas vezes nossa religiosidade é teoria sem prática e isso precisa mudar (Mt 7.12 – 23.3). O processo de desconstrução de crenças religiosas é um movimento nítido feito por Jesus com seus discípulos nos evangelhos. A desconstrução da religiosidade judaica enquanto teoria individual e sua transformação em prática que aponta para o amor e a graça são movimentos constantes de Jesus em sua caminhada com os discípulos. Se nós nos consideramos discípulos de Jesus temos que entender que em nossa caminhada o processo de desconstrução de crenças precisa ser uma constante ininterrupta. Se encaramos a proposta temática anual de nossa comunidade de fé como simples cumprimento de uma obrigação, não entenderemos que estas são na verdade ferramentas para nos acompanhar sempre em nossa caminhada. Um novo ano se aproxima e para enfrentá-lo precisamos dessa “nova ferramenta” da desconstrução de crenças em nosso “cinto de utilidades”, como aqueles dos heróis dos quadrinhos atuando conjuntamente com todas as outras “ferramentas” que ganhamos nos anos anteriores. Não que nós mesmos sejamos os heróis, mas o artesão que constrói o nosso cinto de utilidades é o herói maior de toda existência.
Lembrando que as ferramentas que ganhamos são utilizadas em nós mesmos, afinal elas são meios de molde do artesão de nossas vidas. Não podemos interpretar mal o que recebemos de Deus e achar que isso é para outros, como se a desconstrução de crenças (tema deste ano) fosse tarefa de outra pessoa que não nós mesmos. Os discípulos foram enviados por Jesus para o meio do povo e voltam alegres com o que aconteceu, mas Jesus relembra a eles de que o que aconteceu com a autoridade que receberam não deveria ser o motivo de alegria e sim a ação salvadora de Deus em suas vidas (Lc 10.17-20). Não podemos nos esquecer que seremos moldados por Deus e para isso precisaremos desconstruir nossas crenças religiosas de maneira constante para sermos alvos e ao mesmo tempo fio condutor da graça e do amor de Deus. Se queremos ser verdadeiros discípulos moldados e guiados por Jesus não há outra lei senão ‘Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento’ e ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’ porque “Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.”.
Nada é impossível para Deus! (Lucas 1.37) O que parecia ser impossível a uma jovem e sua prima (Isabel e Maria) foi o meio escolhido para que Jesus e seu anunciador (João Batista) cumprissem o que já havia sido dito pela boca dos profetas. Contrariando TODA a crença judaica e seus costumes de religiosidade foi colocado no mundo aquele que desconstruiu, e continua desconstruindo, toda a percepção religiosa de que Deus só existe ou age quando nós estamos envolvidos ou quando há o “correto” processo religioso. Não!
Deus é e sempre será aquele que age conforme seu amor e graça e não se detém a moldes ou princípios que consideramos corretos. Não há lugar impossível para que Sua graça e amor alcancem e a medida de desconstruímos nossas crenças abre-se espaço para que o mesmo amor e graça que nos alcançou transborde de nós alcançando a todos os que estão ao nosso redor.
Vamos viver com a placa “estamos em obras” voltada para nós mesmos e quebrando as barreiras que impede a graça de transbordar de nossas vidas? Vamos? Topa o desafio?
Que Deus nos ajude a enxergar sua mão que atua, atuou e sempre vai atuar no mundo!