Crianças amam presentes, independentemente do valor, porque conseguem dar importância ao fato de terem ganhado algo ao invés de medir o valor do que receberam com o que elas dão para elas mesmas. Nós, adultos, vamos perdendo essa capacidade com o passar dos anos e acreditando que algumas coisas são pequenas demais ou grandes demais para nós, esquecendo-nos de olhar para o quão importante é o fato de termos recebido algo.
Em Mateus 19.13-15 e 18.1-4 vemos Jesus dizendo que o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes às crianças, porque elas aceitam ser conduzidas com dependência, confiança e humildade, reconhecendo que são levadas por alguém mais capaz do que elas e também por receberem tudo o que lhes é apresentado como um presente.
São privilégios dos participantes do Reino estar na igreja, contribuir com dízimos e ofertas, envolver-se no trabalho da sua comunidade de fé, orar e apoiar uns aos outros no dia a dia, entre outras coisas. Jesus alerta aos seus discípulos: O maior no reino dos céus (Mateus 18.4) é o que entende que a salvação nos é dada por graça e a graça nos faz participantes do Reino, e isso é para nós um grande presente.
Outra coisa que chama nossa atenção no texto de Mateus 19 é o tratamento que os discípulos dão à situação que estava acontecendo. Eles achavam que podiam controlar quem se achegava a Jesus. Nós temos a mania de tentar organizar as coisas pra Deus. Gostamos de acreditar que os nossos métodos, pautados pela nossa conveniência, são a melhor maneira de fazer as coisas e criamos protocolos e rótulos que nós achamos necessários para que as pessoas possam se achegar até Jesus, e corremos o risco de fazê-lo até mesmo com nossas crianças.
As palavras de Jesus naquele dia não foram direcionadas aos pais daquelas crianças, ele falou aos discípulos e para que todos os presentes também ouvissem (v.14). Isso me leva a refletir sobre qual é o nosso papel, enquanto adultos, que compõe uma comunidade que educa crianças. Sim, porque não são apenas os pais que educam o filho. A educação de uma criança é feita por todos que a cercam.
Todo o ambiente deixa marcas na vida da criança e se você não está convencido disso ou acha que esse texto tem aplicação só para os pais, que são diretamente responsáveis pela sua criação, pense outra vez na sua própria infância e nas marcas que outras pessoas, além dos seus próprios pais ou cuidadores, deixaram nela. Por isso, mesmo que hoje os pais sejam o principal alvo dessa mensagem, não deixe de refletir sobre o seu modo de agir para com as crianças que estão próximas a você.
Nos tornamos empecilhos para as nossas crianças se achegarem a Jesus quando a motivação do nosso coração não está nas coisas Reino. Porque sem que o nosso coração esteja de fato motivado, nós não priorizamos e não vemos sentido em fazer essas coisas e nossas palavras se tornam vãs.
Por isso devemos nos esforçar para ser participantes ativos do Reino e espelhos de Cristo para nossas crianças, para que elas aprendam conosco a servi-lo e amá-lo. Imagina que, quando elas forem capazes de entender sobre a graça de Deus e seu poder transformador, elas reconhecerão que nós fomos também moldados e transformados por essa mesma graça. Que lindo privilégio!
Ser exemplo é fazer com elas, por elas e na frente delas, continuamente, repetidamente. Ensiná-las no caminho em que devem andar é fazer com que Jesus faça parte da nossa rotina. Para fazermos isso, a Palavra de Deus deve encher o nosso coração e assim ela estará também nas nossas atitudes, porque os outros podem até se convencer das nossas palavras, mas serão os nossos atos que as levarão à prática.
Que o Senhor nos ajude a vivermos de fato para o seu Reino e nos capacite para essa árdua missão.