O apóstolo Paulo nos chama a nos alegrarmos nos nossos sofrimentos pela igreja de Cristo (vs 24). Temos
que ter muito claro em nossas mentes que não se trata de um “culto ao sofrimento” onde existe uma falsa teologia sacrifical da negação da vida, seja em suas dimensões físicas ou emocionais. Nessa heresia há um êxtase em sacrificar alguma coisa e depois cultuar aquilo que sacrificamos. É incrível como a dor provoca fascínio no ser humano. Vivemos um tempo em que a dor e o sofrimento geram uma grande audiência nos programas de televisão, nas mídias sociais e nas rodas de amigos. É comum você ouvir uma pessoa se vangloriando de suas mazelas em um verdadeiro “concurso de quem sofre mais”. É uma sociedade que cultua o sofrimento.
Ainda nesse contexto antibíblico, há uma adição da religiosidade que prega a plenitude espiritual com base no sofrimento físico e na abstenção de prazeres neste mundo.
Trata-se de uma doutrina intelectual e religiosa que considera a disciplina e o autocontrole imprescindíveis para alcançar a Deus. Assim o ser humano poderia por seu mérito exclusivo, através de seu sofrimento, obter a “espiritualidade plena” e, consequentemente, a salvação de seus pecados.
Paulo é claro em todas as suas cartas, assim como a escritura sagrada também o é na sua plenitude, que o sofrimento físico ou emocional por si só não pode nos aproximar de Deus, muito menos nos proporcionar a nossa salvação dos nossos pecados.
Em contrapartida, olhamos para a Cruz e vemos um Cristo que sofreu pelos nossos pecados.
Jesus falou abertamente (Mc 8.31-33) que sofreria, seria rejeitado e morreria, pois estava a caminho da cruz. Sim, a cruel e maldita cruz romana, destinada aos criminosos.
Jesus teria que sofrer, ser rejeitado, morrer e depois ressuscitar para salvar todo ser humano. Esta é uma necessidade divina inevitável. SEM O SACRIFÍCIO DE JESUS, NÃO HÁ SALVAÇÃO.
Deus não criou o caos, Ele nos criou a sua imagem e semelhança para sermos perfeitos Nele, sem sofrimento algum. Mas com o pecado veio a morte ao mundo, em todas as suas dimensões – física e espiritual, morte da humanidade e morte da criação como um todo -.
A Santíssima Trindade elabora, executa e aplica um plano de salvação, de resgate dessa humanidade caída. Nesse plano, coube ao Cordeiro Imaculado, o Filho do Deus Altíssimo, executar o plano aqui na terra. É trilhando em obediência o necessário caminho da cruz que Jesus se submete ao plano de Deus. Ele escolheu, abraçou, pensou e quis para si o caminho da cruz por nós, os Seus escolhidos. Sim, Jesus sofre as nossas dores, por amor a nós, com o objetivo de nos livrar do reino das trevas. Esse é o sofrimento de que Paulo nos fala. Um sofrimento com o objetivo de servir aos propósitos de Deus. Servir não somente à igreja Dele, mas servir ao mundo como um todo. Estes, os crentes genuínos, são então enviados como ovelhas aos lobos (Mt 10.16), para continuar a missão do nosso Senhor e Salvador. Sim, temos a mesma missão e o mesmo fim do nosso irmão mais velho. “Servir ao mundo com as nossas próprias vidas!”
Com a morte do nosso velho homem obteremos a salvação eterna das nossas almas mediante a fé, através
da morte do Primogênito do Pai. Morremos com Cristo e ressuscitamos com Ele (Rm 6.5-9). Esta é a maravilhosa Missão que o Deus Pai deu ao seu Unigênito, o qual nos comissionou para continuarmos a cumpri-la durante a nossa vida aqui. É simples assim, mas não é fácil. Por isso Ele prometeu que estaria conosco até a consumação dos séculos, onde Ele tem reservado maravilhas para os seus eleitos. Maravilhas que nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou o coração humano, o que
Deus tem preparado para aqueles que O amam
Nós, os cristãos, somos unidos a Cristo de uma forma mística. Mística no sentido que a bíblia apesar de mostrar essa união de forma clara, não nos explica como ele acontece. Essa união envolve tanto o nosso corpo quanto o nosso espírito. Ela é a fonte de nossa vida espiritual e resultará por fim, na ressurreição e glorificação do nosso corpo. Por meio dessa união, Cristo nos liberta do domínio do pecado sobre a nossa vida, no capacita e impele a realizar boas obras e mostra o seu próprio poder por nosso intermédio. A união de Cristo com os cristãos é tão íntima que é possível dizer que os cristão sofrem porque Jesus sofre. O sofrimento de Jesus foi com o objetivo de servir ao plano salvífico de Deus Pai. Por isso temos que nos alegrar nos nossos sofrimentos PELA IGREJA. Nossa alegria deve estar no servir ao reino, e não no sofrimento vazio e sem objetivo. Que o Espírito Santo de Deus nos capacite e nos sustente a sofrer pela sua obra.