A chegada do menino Deus foi algo espetacular, apesar de toda simplicidade do local onde ele nasceu. Os pastores no campo, os anjos dos céus, os magos do oriente, o presépio, e todos os outros detalhes fizeram da encarnação divina algo muito especial e singular. Há, entretanto, outros eventos que antecedem e precedem a noite de Natal que deveríamos prestar mais atenção. As canções que Maria e Simeão cantaram para ele, nos leva a refletir e pensar na magnitude daquele evento histórico que marcou o mundo.

A mãe do menino, por quem temos muito respeito e admiração, canta uma das mais belas canções escritas na Bíblia. O fato está narrado em Lucas 1.46-55. Há nesse cântico alguns elementos de extrema importância para nós, os expectadores de hoje. O primeiro deles está ligado ao desejo sincero daquela pequena alma de engrandecer o nome de Deus, mesmo em meio à situação complexa, como a de sua gravidez sobrenatural. Ela não só engrandece a pessoa de Deus, como se alegra nele por ter sido escolhida para tamanha obra. A jovem Maria engrandecia a Deus pelo que ele havia prometido à humanidade e estaria cumprindo sua promessa através de sua vida. Ela, humildemente, reconhece seu lugar e seu papel, entendendo que foi chamada para dar à luz ao menino Deus. Mas, acima de tudo, reconhece a pessoa e obra do Espírito Divino, do Poderoso, do Santo, agindo nela e na direção de resgatar a humanidade perdida.

Ela estava muito feliz por ter sido ela, a simples Maria, a escolhida do Eterno. Como ser humano como nós, ela estava “orgulhosa” de ser a escolha de Deus. Ela sabia que não havia méritos nela mesma, mas era a misericórdia divina e eterna que a alcançara (v.50). Ela sabia de sua condição humilde, de suas raízes pobres, mas entendia que alcançou graça e misericórdia da parte de Deus para carregar em seu ventre o filho do Altíssimo.

Um fato marcante em seu cântico é o de reconhecer sua gravidez como resposta aos anseios de seu povo, o povo de Deus (v.55). Ela reconhecia o valor das promessas feitas e enxergava o plano salvífico se descortinando diante dela. Ela via com os olhos da fé e vivia mediante a esperança das promessas cumpridas. Maria cantou; cantou para Deus, para seu filho, para nós, uma canção para ser repetida: a minha alma engrandece ao Senhor!

O cântico de Simeão (Lucas 2.25-35) tem elementos semelhantes, mas já agora abraçado ao menino Deus. Maria carregava-o em seu ventre, e Simeão o tinha em seus braços. A fé e esperança marcam a vida e cântico daquele velho homem. Aguardava as mesmas promessas feitas desde a fundação do mundo, de que a salvação viria. E ele teve o privilégio de vê-la, ou melhor, de abraçá-la. Ele louva a Deus e está muito feliz por tudo o que Deus estava fazendo, e pela oportunidade graciosa que Deus havia permitido a ele de ver o menino. Ele se sente satisfeito e pronto para ir ao encontro com o Pai.

Um aspecto interessante desta canção é o fato dele profetizar o sofrimento e morte de Jesus, e o sofrimento que também haveria de vir sobre sua mãe (vv. 34-35). O menino em seus braços, aparentemente frágil, seria (como foi) a esperança de todos os povos. A certeza de saber que ele era o Messias prometido leva Simeão a cantar e a louvar a Deus.

As duas canções cantadas ao menino Jesus nos conclamam hoje a louvar e adorar a Deus por tudo o que ele fez, faz e ainda fará, por nós e por toda sua criação, alvos de seu grande amor. Quando reconhecemos quem aquele menino da manjedoura é de fato, nossas vidas são automaticamente transformadas e elevados o nosso nível da fé e da esperança; somos elevados a ver e entender com os olhos da fé e da certeza de que existe um Deus maravilhoso que criou tudo, e sustenta tudo, e governa tudo pela força do seu poder.

Por isso, o meu convite continua sendo alto e em bom tom: Venham até Belém, vejam o menino deitado, adorem sua majestade, se rendam ao seu grande poder, e o sirvam de todo o seu coração. Dessa forma, e somente dessa forma, sempre será Natal.

Minha prece é que as bênçãos advindas daquela manjedoura, que são sobrenaturais e maravilhosas, alcancem nossas vidas de maneira nova e fresca neste Natal de 2022.

FELIZ NATAL para todos!