“E ninguém mais ousava interrogá-lo”. Assim termina a porção do texto que lemos acima (v.34). Jesus, com sua sabedoria e humildade, respondia a todos com propriedade e exatidão. O início do verso 28 também ecoa essa mesma realidade: o escriba questiona a Jesus porque viu que ele respondera muito bem os questionamentos dos saduceus sobre a ressurreição (v.v. 18-27). Era sua oportunidade de ver o que pensava Jesus sobre o mais importante de todos os mandamentos.
De fato, as pessoas ficavam maravilhadas com a capacidade do Mestre em arrazoar e com as sábias palavras que saiam de sua boca. Queriam estar perto dele, desfrutar de seu conhecimento e de sua amabilidade. Jesus foi uma figura espetacular que transformou o mundo com sua simplicidade e sua maneira pura e justa de viver a vida. Isso é um dos mais importantes legados que ele nos deixou; devemos imitá-lo.
O motivo ímpar de seu conhecimento e sabedoria estava na resposta que ele deu ao escriba, narrada nesses versos. É reconhecer que há um só Deus, e, portanto, ele deve ser o único reverenciado por todos de forma inteira e completa. Ele ali cita o Antigo Testamento, uma porção muito amada pelos judeus conhecida com “Shamá” (Deuteronômio 6. 4-5). O Judaísmo restaura a adoração a um só Deus, o que os diferenciava dos povos ao seu redor que eram predominantemente politeístas. Deus se manifesta único e o Todo Poderoso, o que exigia uma adoração única e particular, de forma intensa e exclusiva.
Jesus sabia quem Deus era, e o amava com todo o seu ser. O segredo de uma vida excelente é amar a Deus sobre todas as coisas. É assim que se deve viver. Não há como suceder bem na vida, deixar um legado admirável, sem entender esse princípio bá- sico de amor ao Criador. Jesus, citando as Sagradas Escrituras, diz que devemos amar a Deus em todos os âmbitos de nossa existência: com todo o coração, com toda a alma, com todo entendimento, e com toda a força. Simples: amar com tudo que somos!
O coração precisa estar envolvido no amor a Deus. Jesus nos afirma que onde estiver o nosso coração, ali estará o nosso tesouro (Mateus 6.21). A nossa paixão, a nossa energia vital, precisa estar plugada na pessoa de Deus, senão perdemos o foco e o alvo, e aí nos perdemos na vida.
Sem envolvermos a alma nesta empreitada estamos fadados ao fracasso em amar a Deus, bem como nas questões da existência humana. A alma está relacionada a fé, como cremos e existimos. Aquilo que dizemos que cremos, e como dizemos, deve estar alinhado àquilo que praticamos. Amar a Deus precisa passar pela fé que declaramos que temos nele, e isso é uma decisão que devemos aprender a tomar.
Meu entendimento, a minha inteligência, as habilidades que me foram confiadas pelo Criador, precisam estar à serviço da Causa para que o amor flua na direção correta de amar a Deus. Nossa vã glória precisa dar lugar ao coração humilde, e isso se dá com o exercício volitivo de colocar em prática, pela nossa capacidade de arrazoar, os dons e talentos que temos, como uma forma de “retribuir” o que temos recebido (como se isso fosse possível).
Por último, com todas as forças que eu tenho. Amar a Deus requer de mim disciplina e obediência, que custa, e custa muito. Tenho que investir força e vigor para amar a Deus. Alguns gostariam que ‘amar a Deus’ fosse um exercício leve de volição e dedicação, mas ao contrário, amar a Deus deve ser com toda a nossa força, toda mesmo.
Os resultados de quem ama a Deus dessa forma é muito recompensador. As tempestades podem assolar, os ventos podem soprar, as lutas podem vir, mas quem ama a Deus desta forma está seguro e bem guardado. Esse é o maior mandamento, mas é acima de tudo a maior bênção que um ser humano pode ter.
O mesmo contexto narrado com a perspectiva do médico grego em Marcos 10.25-28, termina com a frase de Jesus dizendo: “faze isso e viverás”. Bem, é isso: ame a Deus sobre todas as coisas, e viva!
Rev. Robson Gomes