Em muitas ocasiões em nossa vida nos encontramos em situações de confusão, indecisão e falta de perspectiva, seja por termos nos colocado nelas ou sermos empurrados para elas. Não sei se reparou, mas nessas situações são raras as vezes em que analisamos com calma as possibilidades e buscamos conselho com quem pode nos mostrar “o quadro mais amplo” ou o resultado de nossas decisões em longo prazo. Acredito que isso aconteça porque acreditamos que a solução rápida, mágica e sem consequências existe e que o caminho mais rápido para fora dessas situações é possível. Quando buscamos este tipo de solução, e acredite nós buscamos, queremos encontrar a pessoa certa para nos dizer aquilo que queremos ouvir, ou seja, alguém com a receita mágica para sairmos da situação. Mesmo que a nossa própria experiência nos diga o contrário ou que nossa própria história já tenha provado que tal situação não tem solução mágica, nossas cabeças acreditam que “deve ter um modo rápido de resolver”. Essas situações são mais comuns do que pensamos e somos cada vez mais impulsionados por nós mesmos na busca de soluções rápidas, não só na resolução de problemas, mas também em áreas de nossa vida em que ainda buscamos aprofundamento e mais conhecimento ou compreensão. Você já teve essa percepção? Consegue relacionar situações na sua vida em que isso aconteceu ou está acontecendo?
Agora pense em quantas situações você aplicou a solução rápida, aquela que você sabia que não era a correta, e enfrentou graves consequências por conta disso. Foi ruim, certo? E nem por isso você deixou de acreditar que em uma próxima situação a solução mágica poderia funcionar, certo?
Jesus ensinando aos seus discípulos em Mateus 7 a partir do verso 15, no sermão do monte, dá e eles um alerta “Cuidado com os falsos profetas.”. Por mais que você pense que estou relacionando essa fala de Jesus, com os “maus conselhos” que você recebe de pessoas ao enfrentar situações difíceis, não, eu não estou me referindo exclusivamente a pessoas que nos aconselham. Se você perceber bem, a tônica de Jesus a respeito desses falsos profetas é o cuidado que devemos ter, ou seja, é a nossa análise interna cuidadosa que será o auxílio para evitar esses maus conselhos. Jesus está nos ensinando a analisar um bom conselho pela sua origem. Quando ele compara o fruto à árvore a nossa tendência é acreditar que Jesus está dizendo que a árvore ruim que dá fruto ruim é a pessoa má, mas Jesus está indo além, o Mestre está dizendo que a árvore ruim é aquela que brotou no coração. Se você tem dúvidas quanto a isso basta olhar que Jesus está tratando a hipocrisia do coração de seus discípulos nos versos anteriores a estes que apontamos em Mateus 7, e nos versos que seguem aos que tratam o assunto dos falsos profetas Jesus está falando sobre aquele que deve ser sensato e construir a casa sobre a rocha. Se ainda assim você não está convencido abra Lucas 6.43-45 e veja o que Lucas entende sobre esta exata fala de Jesus.
O que quero dizer é que até que chegue o dia em que “Toda árvore que não produz bons frutos é cortada e lançada ao fogo.” (Mt 7.19), as árvores más que dão maus frutos oferecerão seus frutos dentro e fora de nós. Serão nossas árvores internas e daqueles que nós consideramos religiosamente bem-sucedidos, afinal de contas Jesus diz que no dia de prestar ““Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?’ Então eu lhes direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês que praticam o mal!”. O que Jesus está mostrando é que suas palavras devem ser o verdadeiro NORTE (a direção correta) em nossas vidas. Para aceitar conselhos de nós mesmos e dos outros devemos reconhecer qual a “árvore” que o originou e assim evitar as soluções mágicas que ela oferece.
Mais uma vez o Mestre diz que nossa confiança deve estar voltada para ele em toda e qualquer decisão ou situação cotidiana e que nossa dependência dele e a prática daquilo que ele mesmo ensinou é que vai garantir o fruto bom da árvore boa em todas as decisões de nossa vida.
Que sejamos o bom pomar que dá frutos a partir de Cristo!