A Reforma Protestante e a Necessidade Contínua de Reformar Sempre

No século XVI, um evento histórico de proporções gigantescas ocorreu na Europa, que iria mudar para sempre o cenário mundial: a Reforma Protestante. Iniciada pelo monge Martinho Lutero na Alemanha em 1.517, a Reforma foi uma resposta à corrupção e à falta de coerência da única igreja cristã na época, bem como distorções teológicas importantes que havia em seu seio. No entanto, é crucial entender que a Reforma Protestante não era, de maneira alguma, uma luta contra a Igreja Católica Apostólica Romana em si, mas sim uma busca por uma religião mais autêntica e fiel aos ensinamentos de Jesus Cristo, combatendo os abusos e as violações da boa fé.

A Reforma Protestante começou, então, simplesmente como um movimento que desejava corrigir abusos e práticas questionáveis na igreja cristã de então. Ninguém tinha a intenção de “rachar” a igreja, mas de exortá-la para um retorno às boas e piedosas práticas cristãs.

Os reformadores, incluindo Lutero, João Calvino e outros, rejeitaram algumas práticas da igreja, por exemplo, a ideia de que a salvação poderia ser comprada ou conseguida por mérito próprio. Eles enfatizavam que o único caminho para a salvação seria somente pela graça, mediante a fé em Jesus. Eles também rejeitaram a venda de indulgências, que era entendido como um desvio claro dos princípios fundamentais da fé cristã. Outra doutrina que foi questionada por eles foi a infalibilidade papal, pois afirmavam que a única autoridade apta para reger a igreja eram as Escrituras Sagradas. Outro aspecto importante de seus pensamentos é que havia uma necessidade de a Bíblia estar disponível na linguagem do povo. Coisas importantes para uma fé sadia.

No entanto, é importante observar que a Reforma Protestante não parou por aí. Os próprios reformadores reconheceram a necessidade contínua de reformar sempre a prática da fé cristã, vivida na religião, para evitar abusos de poder e desvirtuamentos teológicos. Essa postura ficou conhecida numa frase em latim, utilizada por muitos reformadores: “ecclesia reformata, semper reformanda”. Isso significa que a Reforma não foi apenas um evento histórico, mas uma chamada para uma constante renovação espiritual, na busca de melhores práticas e de uma melhor compreensão dos princípios bíblicos, sempre motivada e inspirada, é claro, pelo Espírito Santo.

A importância de continuar reformando as práticas da fé é relevante até os dias de hoje. As religiões, incluindo o Cristianismo, frequentemente se tornam vítimas de rigidez e tradição excessivas, perdendo de vista os princípios fundamentais do amor, da graça, do perdão, da compaixão e da misericórdia – princípios de vida ensinados por Jesus. O legalismo, ou a adesão estrita a rituais e regulamentos, sem uma compreensão profunda dos valores implícitos a eles, pode sufocar a espiritualidade e alienar as pessoas quanto ao verdadeiro valor de uma espiritualidade salutar.

Portanto, a Reforma Protestante nos ensina que a religião deve ser constantemente reavaliada e renovada à luz dos princípios bíblicos fundamentais, e que a fé não deve ser escravizada por força, por formalismos e tradições vazias, ou por abuso de poder constrangedor. Isso não significa que a tradição e os rituais da religião e da fé sejam sem valor algum, mas sim, que eles devem ser sempre guiados pelo amor, pela graça, pela justiça, pelo perdão e pela compaixão, valores encontrados na Bíblia Sagrada. A Reforma Protestante foi uma chamada para a liberdade de consciência e para uma busca contínua para construir um relacionamento intimo e autêntico para com o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus.

Portanto, a Reforma Protestante e sua ênfase na reforma continuada segue com suas valiosas lições para todas as religiões e tradições. Ela nos lembra que, independentemente de nossas crenças religiosas, a busca pela Verdade e por uma espiritualidade sã deve ser sempre acompanhada pela humildade, pelo amor e pela disposição de mudar e crescer, à medida que a compreensão da fé em Cristo Jesus evolui e amadurece em nós. Devemos desenvolver a nossa salvação com tremor e temor, como nos exorta a Palavra de Deus (Filipenses 2.12).

Que Deus nos ajude a amadurecer sempre, fazendo com que as nossas práticas religiosas sejam encravadas na solidez da eterna Palavra de Deus, e reformadas sempre, à medida que o tempo avança e o Espírito de Deus nos conduz em triunfo. Que Yahweh nos ajude!

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