Já refletiu sobre a possibilidade de que a pergunta mais importante da humanidade, e para a humanidade, tenha sido proferida pelo próprio Deus?
Desde Gênesis 4, a pergunta “Onde está o seu irmão?” ressoa através das escrituras e de cada dia de nossa existência. Essa indagação questiona se respondemos positivamente ao chamado divino de cuidar uns dos outros.
Parece inegável que, para alinhar o coração humano ao coração divino, é preciso dar uma resposta a respeito do lugar que o “outro” ocupa na nossa maneira de enxergar a vida.
E foi em resposta a essa pergunta, que lemos em Marcos 2.1-5, onde 4 amigos motivados por um amor fraterno, violavam o espaço privado em solidariedade ao amigo paralítico.
Imagine a cena: Jesus estava em casa, e a notícia sobre sua presença se espalhou rapidamente, atraindo uma multidão ansiosa para ouvir Suas palavras e testemunhar Seus milagres. Enquanto Ele ensinava, quatro amigos chegam carregando um paralítico em uma maca. Ao se depararem com uma casa cheia de pessoas, esses amigos não foram desencorajados pelas circunstâncias desfavoráveis, pois sabiam que encontrar Jesus era a esperança de cura para o paralítico. Esse era o dia de fazer nosso amigo ser visto por Aquele que tem poder de curar e se compadecer.
Amigos que diante das adversidades, buscaram uma solução criativa. Subiram no telhado, removeram parte da cobertura e baixaram o paralítico até os pés de Jesus. Aqueles amigos entenderam que o amor vem antes de tudo, está acima de tudo, de qualquer regra ou legislação. Amigos que não questionaram sobre prejuízos, para eles, que o amanhã traga esses cuidados, pois hoje é dia de colocar a necessidade humana acima de tudo. Hoje é dia de resolver a dor do amigo.
Com Jesus, nunca existiu a guarda do sábado diante da necessidade humana. Jesus demonstrou que o amor e a compaixão devem prevalecer sobre rigidez legalista, mostrando que o verdadeiro propósito do sábado era beneficiar e trazer alívio às pessoas. Assim, sua visão transcendia o formalismo, enfatizando a centralidade do amor na prática da fé.
Compreender que o Evangelho de Jesus é uma missão horizontal, uma manifestação do amor ao próximo, é de extrema importância para vivermos uma vida cristã autêntica e significativa. Jesus ensinou claramente sobre o mandamento maior: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Essa dimensão horizontal do Evangelho enfatiza que o amor e o cuidado pelo próximo são expressões do verdadeiro discípulo.
O primeiro olhar de Jesus não foi para o paralítico, não foi para a causa, e sim para os amigos, aqueles que colocaram a necessidade humana acima de tudo. “Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: “Filho, os seus pecados estão perdoados”. Marcos 2.5
O primeiro movimento de Jesus é para eles. É para a “fé dos amigos anônimos”.
A missão horizontal do Evangelho também nos lembra que não podemos separar nosso relacionamento com Deus do nosso relacionamento com o próximo. Amar a Deus e amar o próximo são inseparáveis e interdependentes. À medida que nos aproximamos daqueles que Deus coloca no nosso caminho, dos necessitados, dos marginalizados e dos aflitos, estamos encontrando Deus em cada pessoa, pois Ele habita em cada ser humano. “Digo a verdade: O que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram’. Mateus 25.40
Portanto, compreender que o Evangelho de Jesus é uma missão horizontal nos inspira a viver com empatia, compaixão e generosidade. Somente ao amar e servir ao próximo é que vivenciamos plenamente a mensagem transformadora do Evangelho e nos tornamos canais do amor divino para o mundo.
Ser é ser no próximo, ser é ser com o próximo, ser é ser para o próximo.