A questão da terra natal, do lugar onde se nasceu, é muito importante para os seres humanos. Gostamos de sentir que temos um lar, que pertencemos a um lugar. Isso faz parte de nossa natureza. Até mesmo desejamos possuir uma casa, um apartamento, qualquer lugar que seja nosso e que possamos reportar a ele como “nossa casa”. Ter uma terra é muito importante, até mesmo no âmbito espiritual.
A peregrinação do povo de Israel, que começou com o Pai Abraão, era em direção a uma terra. Desde Abraão, passando por Moisés, por todos os profetas e por todo o povo de Israel, era uma luta por um lugar, por uma terra. O povo cristão apropriou-se legitimamente dessa história do povo de Deus do passado, pois pertencermos ao mesmo Pai, Yahweh. A nossa história também começou no Éden, passou por desertos, subiu e possuiu montes e montanhas, atravessou mares e vales, conquistou Canaã, e espera ansiosamente a Nova Jerusalém. Somos como que peregrinos e forasteiros nesta vida. Estamos em uma jornada. Aqui não é a nossa terra final, pelo menos por enquanto, mas ainda é a nossa terra, mesmo que provisória.
Por isso a peregrinação cristã deve ser entendida de maneira um pouco diferente. Não podemos somente pensar que nosso tesouro final está completamente colocado somente no futuro, no nosso lar celestial, mesmo que sua completude se dê lá. Devemos centrar os nossos olhos também na terra que o Senhor Deus tem nos dado hoje, e ele nos tem dado terra, e terra que mana leite e mel.
A nossa terra hoje é a igreja e a família da fé. No nosso caso, Deus nos deu a Missional do Caminho para nossa possessão durante nossa peregrinação. Uma terra que produz lindos frutos e que é rica em muitos aspectos. É dela que devemos tirar nossa provisão, aquilo que precisamos para nossa sobrevivência espiritual e emocional. É ela que nos dá suporte e um sentimento profundo de pertencimento, de nos sentir amados e queridos. É dela que tiramos a energia das amizades para poder contar para os outros os nossos progressos e feitos. É por ela que nos orgulhamos e vemos os nossos sonhos, mesmo que nos outros, se realizando. É nela que o sucesso do meu próximo se torna a minha alegria e regozijo. É também por ela que recebemos mão amiga nas horas das lutas, tribulações, dores e tristezas. É confiado na força dela que tomamos iniciativa, até mesmo correndo o risco de errar e de acertar, de continuar aprendendo com a vida. É por meio dela que nos sentimos renovados quando compartilhamos das experiências dos amados de nossa convivência. O caminho do cristão é longo e árduo, mas graças a Deus pela igreja, nossa família da fé, nossa terra por possessão.
Para isso é necessário nos envolver com dedicação e afinco em seus “caminhos”. É essa igreja que precisamos amar e prezar, e como digo sempre, mesmo com todos os seus defeitos e todas as suas qualidades, um ajudando o outro. Somos um corpo, uma só família, como muitos e diversos membros e múltiplos dons à serviço de nosso Mestre e Senhor, Jesus Cristo. Sigamos sempre assim!
Que possamos, a cada dia mais, amá-la e honrá-la, participando dela com entusiasmo e dedicação, na construção e estabelecimento do Reino Eterno de Jesus Cristo aqui nesta terra. Que ela seja uma bênção na nossa vida, mas que nós, da mesma forma, sejamos bênção na vida daqueles que estão na mesma jornada conosco. Amém e amém!
