A Igreja, Nossa Terra (Josué 14.6-15)

A questão da terra natal, do lugar onde se nasceu, é muito importante para nós. Gostamos de sentir que pertencemos a um lugar, a um grupo. Isso faz parte de nossa natureza. Até mesmo desejamos possuir uma casa, um apartamento, qualquer lugar que seja nosso e que possamos reportar a ele como “nossa casa”. Ter uma terra é muito importante, até mesmo no âmbito espiritual.

A peregrinação do povo de Israel, que começou com o Pai Abraão, era em direção a uma terra. Desde Abraão, passando por Moisés e por todos os profetas e todo o povo de Israel, a luta é por um lugar, por uma terra. A guerra que assistimos pela televisão no Oriente Médio é pelo mesmo motivo.

O povo cristão apropriou-se legitimamente da história do povo de Deus do passado, pois pertencermos ao mesmo Senhor. A nossa história também começou no Éden, passou por desertos, subiu e possuiu montes, atravessou mares e vales, conquistou Canaã, e espera ansiosamente a Nova Jerusalém. A caminhada do cristão é muito semelhante a dos israelitas. Somos como que peregrinos e forasteiros nesta vida. Aqui não é a nossa terra afinal, pelo menos por enquanto, mas ainda é a nossa terra, mesmo que provisória.

Por isso a peregrinação cristã deve ser entendida de maneira um pouco diferente. Não podemos somente pensar que nosso tesouro está completamente colocado no futuro, no nosso lar celestial, mesmo que sua completude se dê lá. Devemos centrar os nossos olhos na terra que o Senhor Deus tem nos dado hoje, e ele nos tem dado terra, e terra que mana leite e mel.

A nossa terra hoje é a igreja. No nosso caso Deus nos deu a Missional para nossa possessão durante nossa peregrinação. Uma terra que produz frutos e que é rica em muitos aspectos. É dela que devemos tirar nossa provisão, aquilo que precisamos para nossa sobrevivência espiritual e emocional. É ela que nos dá suporte e um sentimento profundo de pertencer, de ser amado e querido. É dela que nós tiramos a energia das amizades para poder contar para os outros os nossos progressos e feitos. É por ela que nos orgulhamos e vemos os nossos sonhos, mesmo que nos outros, se realizando. É nela que o sucesso do meu próximo se torna a minha alegria e regozijo. É também por ela que recebemos mão amiga nas horas das lutas, tribulações, dores e tristezas. É confiado na força dela que tomamos iniciativa de errar e acertar, de continuar aprendendo com a vida. É por meio dela que nos sentimos renovados quando compartilhamos das experiências dos amados de nossa convivência.

O caminho do cristão é longo e árduo, mas graças a Deus pela igreja, nossa família da fé, nossa terra por possessão. Para isso é necessário envolver com carinho em seus “caminhos”. É esta igreja que precisamos amar e prezar, e como digo sempre, mesmo com todos os seus defeitos e todas as suas qualidades, um ajudando o outro. Somos um corpo, uma só família, como muitos e diversos membros e múltiplos dons à serviço de nosso mestre e senhor, Jesus Cristo.

Que possamos a cada dia mais amá-la e honrá-la, participando dela com entusiasmo e afinco, na construção e estabelecimento do Reino eterno de Jesus Cristo, Senhor nosso. Que ela seja uma bênção em nossa vida, mas que nós, da mesma forma, sejamos bênção na vida daqueles que estão na mesma jornada conosco. Amém.

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