Comumente usamos exageros quando queremos ressaltar alguma coisa que, para nós, é muito grande. O português nos dá esta permissão. A figura de linguagem conhecida como hipérbole é um exemplo. Falamos assim: “estou morrendo de fome”. Isto não quer dizer que você está literalmente morrendo, mas que você está com muita fome e quis expressar isso de forma contundente. O profeta Isaias queria fazer exatamente isto quando escreve os versos acima, hiperbolizando a grandeza de Deus. Quando Deus é exaltado em seu grandiosíssimo e eterno poder, que é imensurável, automaticamente nós somos colocados em nossa real insignificância. Essa extravagante comparação que o profeta faz, revelando a grandeza do Eterno e nos colocando em nosso devido lugar, é para informar que só Deus é Deus, e não nós. Quando Deus se mostra grande, como ele verdadeiramente é, nós nos vemos pequenos, como verdadeiramente somos; assim, saímos do centro das atenções e damos graças somente a Ele. Tiraremos, do texto acima, algumas lições importantes para a nossa vida: Primeiro, a grandeza de Deus ressalta nossa fragilidade (v.12). Isaias nos lembra que a vida é como a erva do campo nasce e morre rapidamente (Isaias 40.6-8). Somos seres frágeis e limitados, contudo, o nosso Deus e sua Palavra não são assim. Observe que Ele coloca na concha de sua mão as águas de todos os oceanos e mede os céus a palmos. Essa comparação nos dá uma ideia da grandeza do Eterno, grandeza essa que somente ressalta a nossa pequenez e fragilidade. A grandeza de Deus também ressalta nossa ignorância (vv.13-14). Não compreendemos os mistérios e desígnios de Deus. O homem pensa que é sabido e não precisa de Deus, o que é um grande perigo. Contudo, Isaias compara Deus com a nossa pretensa sabedoria, e ressalta nossa ignorância, quando nos fala que não há ninguém tão sábio quanto Ele – ninguém o ensinou, e ele nunca tomou conselho com ninguém, contudo sua sabedoria alteia sobre toda a terra. A grandeza de Deus ressalta nossa limitação (v.15). Somos muito dependentes de Deus. No início deste versículo, há uma expressão “eis”, que é uma chamada de atenção. É como dizer: “Preste atenção!”, diz o profeta. Prestem atenção na grandeza de Deus em contraste com a nossa limitação humana. Deus é muito grande e nós muito pequenos, e mesmo assim nos ama. Não podemos nos esquecer dessa grande verdade. Outro aspecto da grandeza de Deus é que ela ressalta nossa incapacidade (v.16). Tudo é graça. Nada do que fazemos pode levar-nos a conquistar bens materiais e nem, tão pouco, bens celestiais. O nosso culto, nossos esforços, e nossas boas ações, por mais belos e sinceros que sejam, não podem dar a glória devida à infinita grandeza de Yahweh. O verso 16 nos informa que não há sacrifício que seja suficiente para que alcancemos favor diante de Deus. Há muita gente tentando conquistar o “céu” através de suas boas ações, esforços, ou através de um legalismo religioso. Isso é idolatria e deve ser contrastado com a grandeza de Deus, para que entendamos que tudo é graça e tudo vem de Deus, e que somos incapazes, por nós mesmos, de agradá-lo com nossas vidas. Vejo que o profeta tem um propósito claro para todos esses “exageros” narrados neste capítulo. Ele precisa nos chamar à atenção para que removamos a pedra de tropeço que está à nossa frente o tempo todo – nossa incredulidade e idolatria. Somos idólatras e incrédulos. Os versos que lemos têm o objetivo de destruir essa premissa. Deus faz de toda excelência humana um nada, e destrói toda chance de fazermos deste mundo, e nossa história, um fim em si mesmo. Os versos 17 e 18 nos falam isso de uma maneira aberta e clara – somos nada! Deus, sim, é o único Deus e Senhor de todo o universo. Portanto, devemos buscar a Deus em tudo o que formos fazer. Dependemos dele para tudo em nossas vidas. Devemos nos colocar em nosso verdadeiro lugar. A glória de Deus deve ser o objetivo maior da vida de todo cristão, onde quer que ele esteja. Tudo o que fizermos, devemos fazer para que a grandeza de Deus se manifeste hiperbolicamente em nossa vida, e que as verdades salvadoras de Jesus sejam vistas, da mesma forma, em nossas atitudes. Deus nos abençoe.