A história da cidade de Babel é uma triste constatação do colapso da comunhão, do crescimento crítico do isolamento e da confusão generalizada – uma bagunça sem fim! Tudo aconteceu por causa da desobediência do ser humano em querer viver fora da dependência de Deus, tornando-se prepotente e orgulhoso de suas próprias realizações e determinado a ser a única fonte de sua própria segurança. Essa foi a raiz do caos que causaram a si mesmos.
Recordemos que, após o Dilúvio, a população se multiplicou rapidamente. Yahweh havia dito a Noé para ser frutífero e povoar a terra com sua descendência (Gênesis 9.1). Deus abençoou a humanidade em seu novo começo, confirmando sua aliança com Noé e o planeta Terra. Mas a humanidade continuou a ser uma “decepção” para Deus, e a história de Babel mostra isso com clareza.
Babel foi o ápice das conquistas humanas do mundo de então. Tornou-se a cidade mais influente da planície. Construíram uma pirâmide escalonada, em forma de torre, chamada de Zigurate, empreendimento extraordinário, embora nada dela permaneça até hoje. O povo de Babel, várias gerações depois de Noé, havia desenvolvido habilidades técnicas superiores e os construtores da torre ganharam conhecimento arquitetônico e matemático suficiente para realizar um grande projeto de construção. O Deus Criador dotou a humanidade de inteligência – dom e graça divinos. Mas, apesar de toda essa inteligência, faltavam-lhes várias coisas importantes. A mais importante delas é a falta de Deus.
Faltava Deus na vida deles! Por causa da natureza decaída do homem e o seu interesse constante e intencional para com o pecado, fez com que eles se distanciassem cada dia mais de Deus e de seu amor. A declaração deles de “Vamos construir” pode ser compreendida como: “Vamos nos construir”. O projeto deles era somente deles. Eles deixaram para trás a herança espiritual de Noé e se esqueceram por completo de seu Criador. Eles estavam construindo de acordo com a sabedoria humana e nada mais.
Isso me lembra o Salmo 127.1: “Se o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam”. Os filhos de Babel agiram como aqueles construtores tolos da parábola de Jesus, narrada em Mateus 7.24-27 – Jesus enfatizou o contraste entre os dois tipos de construtores quando disse que o sábio “ouve essas minhas palavras e as pratica”. Lição que os Babilônicos deviam ter aprendido, mas praticaram a idolatria a si mesmos ao invés de buscarem a Deus.
“Venham”, disse o povo de Babel, “vamos construir para nós mesmos uma cidade, com uma torre que alcance os céus.” O fato é que a Torre não foi projetada para alcançar o céu literalmente, mas para ganhar recursos “espirituais” para eles. Sua visão de alcançar o céu foi uma tentativa humana de se rebelar do “lugar do homem”, e tentar alcançar, por suas próprias forças, o céu. Mas, o céu não pode ser alcançado pela ambição humana. O céu é um dom, um presente; é graça divina revelada em Jesus. Só Cristo poderia fazer a conexão que nunca poderíamos fazer por nós mesmos. Os construtores da Torre de Babel queriam subir por seus próprios esforços. Foi uma manifestação clara do seu orgulho e prepotência. Os primeiros babilônios se muniram com um conjunto de valores mundanos e se esqueceram de Deus. Eles estavam vivendo em um mundo de fantasia, de faz de conta, tentando afirmar sua independência de Yahweh – o que os levou para o caos e a confusão.
A motivação dos construtores da Cidade e da Torre de Babel foi “para que possamos fazer um nome para nós mesmos”. Eles estavam lá para construir uma reputação para si mesmos, para serem os “senhores” da terra, uma manifestação clara de orgulho. E como dizem as Escrituras Sagradas, o orgulho precede a queda e a ruína (Provérbios 16.18). O homem pecador não é capaz de “fazer um nome para si”. Só Deus pode fazer isso. A grande artimanha do pecado é criar em nossas mentes a ilusão de que podemos nos distanciar de Deus e viver felizes independente de Deus. Eles estavam completamente enganados.
Agora é a vez de Deus falar: “Venha”, disse Yahweh, “vamos descer e confundir a linguagem do mundo inteiro.” A partir daí, o SENHOR os espalhou por toda a face da terra, e eles pararam de construir a cidade e a torre. Deus sempre intervém quando se faz necessária sua intervenção – creia nisso. Foi sempre assim na história da humanidade, e sempre será, pois ele é o único Deus.
Se nossa confiança está firmada em Jesus, podemos ter certeza de que virá um dia em que os redimidos, os remanescentes, os libertos da barreira da língua e atraídos “de todas as línguas, povos e raças” estarão diante do trono do Cordeiro e reconhecerão, em louvor, o Deus Salvador, pois a salvação pertence a ele (Apocalipse 7.9,10).
Mas, até esse grande e esperado dia chegar, não vamos nos esquecer das experiências do povo de Babel, e nos lembrar sempre de que nossa esperança e confiança devem estar firmadas somente em Jesus.