A maneira como enxergamos a vida ao nosso redor é formada não apenas pelo que conseguimos perceber com nossos 5 sentidos (Visão, olfato, tato, paladar e audição) ou exclusivamente pela maneira como processamos o que recebemos através destes sentidos. Existem ligações lógicas e percepções adquiridas ao longo de nossa história que afetam, definem e em alguns casos ignoram o que e percebido pelos nossos sentidos, como por exemplo o medo de alguns insetos como baratas; sabemos que não pode nos causar dano físico (exceto pela contaminação) e que é extremamente frágil comparado à força física humana, entretanto muitos de nós tem pavor deste inseto ignorando todos os sinais recebidos por nosso raciocínio lógico ou sentidos. Se você olhar com cuidado pode ser que você perceba que boa parte de seus medos, percepções sobre as pessoas, decisões tomadas em momentos de pressão, relacionamentos e até sua fé podem ter sido comprometidos ou distorcidos se comparados à verdade do que estas coisas são. Sendo assim, como podemos viver uma vida de verdade, caminhando com a verdade, sendo quem deveríamos ser, não sendo enganados por nós mesmos e por outros e vivendo a realidade ao invés de algo virtual e inventado? Temos solução? Existe alguma bússola, GPS, régua, nível ou medidor de qualquer espécie que nos ajude a perceber a verdade?
O Salmo 119 o mais longo da Palavra de Deus vai tratar exatamente deste assunto. O salmista nos descreve os efeitos práticos da Palavra de Deus no confronto com a vida (v.29) e a verdade. Ele nos informa a excelente eficácia da Palavra de Deus como sustento da verdade (v.86a) e ao mesmo tempo pede a Deus que o firme (v.18) na Verdade, reconhecendo suas falhas de percepção e caminhada (v.5) e pedindo para que Deus mude sua compreensão lógica sobre a Palavra (v.27).
Que maravilhoso, não é mesmo? Que poesia linda! Mas…Se nosso olhar não passa da beleza poética e da experiência vivida de um autor distante em épocas remotas, corremos o risco de não perceber o que é essencial.
Para começar a experimentar a Verdade (João 14.6), primeiro precisamos admitir a mentira e o engano. Se achamos que nossa percepção de vida, nossa religiosidade, nosso modo de viver e agir não está comprometido e alterada por nossas equivocadas percepções, então como entender o que o autor propõe? Se somos suficientes e já andamos em uma “verdade” sem erros não precisamos de nada ou ninguém. Pense bem! Isso é muito sério! Se não admitirmos nossas falhas e erros em TODAS as áreas de nossa vida, nunca precisaremos da Verdade e de sua palavra para nos mostrar aquilo que é real, bom e perfeito. Viveremos em um teatro onde somos jogados sem rumo por uma história sem contexto, sem autor e sem esperança.
Amigos, pensem com carinho, o autor deste Salmo conhece a Deus assim como dizemos conhecer e sem o reconhecimento de incapacidade, dependência e humildade absoluta não há como iniciar ou mesmo andar na caminhada de entendimento da Verdade.
A palavra de Deus é que nos faz sábios (v.98-100) é ela que nos mostra a verdadeira perfeição (v.96), ela é a Luz para a caminhada diária (v.105), é ela que nos faz caminhar sem preocupação com o que não está sob nosso controle (v.109), ela é a nossa alegria por ser nosso legado e nosso tesouro (v.111), ela é nossa perfeita defesa e refúgio (v.114), somente através dela temos a percepção da verdade e da sabedoria (v.130), somente ela é pura (v.140) e somente ela é a Verdade desde a criação do mundo (v.160). Ser humilde para receber a Verdade não é abrir mão do que se é para ser menos do que foi; é reconhecer quem de fato somos perante ao Criador que se colocou em nosso lugar para nos mostrar que é possível viver pela Verdade e através dela.
Olhar a vida com os olhos emprestados pelo salmista é perceber que seremos mudados pela Verdade e ela em nós será aplicada pela dependência completa em toda nossa vida. Que sejamos eternamente dependentes da Verdade!