“…pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus.”, é assim que Paulo explica aos participantes da igreja em Roma e a todos os leitores de sua carta no capítulo 3 verso 23, e ele faz essa afirmação com o objetivo de reforçar
que o “insolúvel” problema de separação entre Deus e o homem por causa da atitude, comportamento, pensamentos e natureza humanos não seria solucionado pelo cumprimento da Lei entregue por Moisés e explica que “…ninguém será declarado justo…” diante de Deus “…baseando-
se na obediência à Lei…”, pois a Lei é o instrumento pelo qual nos tornamos “…plenamente
conscientes do pecado.” (Rm 3.20). Paulo faz estas afirmações porque pela influência de uma tradição judaica essa igreja poderia (ou já estava) ser influenciada a entender toda essa questão por um viés religioso / cultural que declarava
que o problema do pecado seria resolvido com o cumprimento de uma série de regras, doutrinas
e comportamentos. Paulo subverte o entendimento judaico e entrega à Lei trazida por Moisés uma nova compreensão e objetivo.
Mas porque isso é importante? Este problema do pecado já não está resolvido por Jesus?
De fato, Paulo afirma que estamos “…sendo
justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus.” (Rm 3.24), mas entender a questão do pecado é tão
importante para mim e para você quanto foi para os leitores da carta na igreja de Roma porque se
não olharmos para o problema do pecado e a grande, imensa e profunda separação que entre
nós e Deus que é causada por ele, o pecado, corremos o grande risco de convencermos a nós mesmos não só de que somos capazes de “pagar” ou reverter o valor da separação com
Deus, mas também de minimizar a enorme, gigantesca e imensurável graça de Deus que nos resgatou. Sim, olhar para o tamanho do buraco
do qual fomos retirados é um meio (talvez o único) de nos colocarmos em nossa realidade que seria insolúvel sem Cristo e reconhecer que todos nós igualmente estamos no fundo deste poço sem que exista nem uma pequena porção
de diferença entre os humanos neste quesito. Somos nivelados por baixo em nosso pecado para que a única saída desta condição seja através
do amor de Deus e de sua graça manifesta em Cristo. Entendeu? Não há outra saída desde buraco do pecado! Em nenhum de nós reside a
capacidade para tal!
Faça uma autoanálise e veja o quanto em nossa vida ofendemos irreversivelmente a Deus
quando ele que nos criou com um objetivo vê em nós a manifestação de caraterísticas contrárias a
isso. Eu e você quebramos nossa vida com a maldade que nos é inata e que nos nivela por baixo. “Não há distinção…” (Rm 3.22).
Se você não compreender a verdade não vai conseguir amar a ninguém, pois sempre vai pensar que você é superior a alguém e que merece
mais que este alguém aquilo que você tem recebido. Percebe? Entender essa verdade é a única
condição de amar, e amar é também ser nascido de Deus (1 Jo 4.7). Sem isso você não entende a Graça, e sem a graça de Deus não há outra saída para nós que não sermos enterrados e mortos em nossos delitos e pecados (Ef. 2.1).
Saber e compreender a tão importante verdade apontada por Paulo aos romanos é condição
exclusiva de sermos pontes do amor e da graça de Deus a nós mesmos e a todos àqueles que são colocados por Ele mesmo em nosso caminho.
Que a graça de Cristo Jesus nos
alcance irreversivelmente!