Esperança, a primeira das quatro palavras do Advento. Segundo pesquisas, uma das palavras mais usadas, mundialmente, nos últimos anos. Estampou a edição mundial da Revista Vogue/2020 e está lincada à palavra Oxford/2021 – vax – gíria para vacina.
Muito além de ser uma das palavras da vez, esperança é uma das mais recorrentes na Bíblia. Está presente em quase todos, se não todos, os livros do cânon, porém tanta visibilidade pode trazer consigo o risco de se tornar pejorativa, perdendo sentido, significado e importância.
Paulo é um dos autores bíblicos que emprega, em vários momentos, esperança. Quero meditar com você na oração que ele faz ao concluir um assunto do capítulo 15 de sua carta aos romanos: “Que o Deus da esperança os encha de toda alegria e paz, por sua confiança nele, para que vocês transbordem de esperança, pelo poder do Espírito Santo.” (v.13)
Nos dois capítulos, 14 e 15, dessa carta, o apóstolo traça um paralelo entre os fortes e fracos na fé. Para ele, os fracos, cap.14, são presos a usos, costumes, comidas, entre outros assuntos controversos. Já os fortes, cap.15, precisam considerar os fracos e os dois grupos deveriam aceitar um ao outro como Cristo os aceitou (v.7).
Os primeiros destinatários dessa carta foram judeus que precisavam inserir, na comunidade de fé, gentios que se convertiam ao Caminho. Para contextualizá-los dessa importante tarefa, Paulo lançou mão, no capítulo 15, de textos do Antigo Testamento e usou a palavra esperança nos versículos 4, 12 e 13, trazendo aspectos da verdadeira esperança.
Sua primeira menção, nesse último versículo, é deixar claro a fonte dessa verdadeira esperança. Para isso, ele aponta para Deus, de onde procede a esperança. Já vimos que muito se fala em esperança, mas de onde ela vem? Para onde ela vai? Qual fundamento valida essa esperança?
De uma forma primária, esperança está ligada a expectativa e para que essa não se dissolva no abstrato, precisa estar vinculada a uma fonte concreta, sólida, real. Para tanto, nada supera o autor, criador e realizador de todas as coisas que se vê e espera, o único Deus vivo e eterno.
Em seguida, Paulo menciona o conteúdo dessa verdadeira esperança, alegria e paz. Partes do fruto do espírito que faziam sentido para os dois grupos que são assuntos principais desses capítulos. Judeus e gentios, fortes e fracos, para permanecerem em harmonia, precisavam de satisfação e ausência de conflitos.
Vivemos dias de uma esperança vazia, esperança pela esperança. Essa acaba sendo adiada, adoecendo o coração e, no final, se desfaz por não estar preenchida. Alegria e paz não podem ser obras de um esforço humano, mas algo vindo de Deus. Não é um otimismo inabitado, mas uma expectativa domiciliada para aqueles que confiam em Deus.
Por fim, temos a finalidade da verdadeira esperança, transbordar de esperança. A caminhada desses seguidores de Jesus, judeus ou gentios, seria marcada pela confiança em Deus, mas também identificada por esperança. Em sua realização última, com paciência e ânimo (v.4).
Com o intuito de louvar e glorificar a Deus, aceitando uns aos outros, expressando sua fidelidade e misericórdia, o Espírito Santo promoveria o transbordar da esperança depositada em Cristo Jesus (v.12). Ele é capaz, é na força dele, no seu ato poderoso transmitido ao seu povo, que esse espalha esperança.
É Natal! É Advento! É Esperança! O menino Jesus nasceu, cresceu, morreu, ressuscitou, voltou ao céu, de onde há de vir, novamente, resgatar os seus. O começo do advento nos motiva a aguardar essa vinda. Uma esperança que ao encontrar a fé preenche o sentido da caminhada com Jesus: somos salvos pela fé e esperamos nossa salvação na vinda de Cristo Jesus.