Neste domingo pela manhã teremos mais uma experiência extraordinária de participaremos da Santa Ceia. Sempre devemos nos aproximar destes momentos com muita expectativa de como Deus vai agir – algo especial da parte de Deus vai acontecer! O motivo pelo qual esta expectativa deve ser levantada é porque Deus age com poder durante a ministração dos sacramentos, que de acordo com a tradição reformada, são o Batismo (Mateus 28.19-20) e a Santa Ceia (Mateus 26.26-27). Os sacramentos são os elementos divinos de transmitir graça aos pecadores mortais. É a maneira como Deus resolveu que o transcendente alcançasse a matéria. É o milagre de Deus em ministrar graça in natura para seus filhos e filhas. Por isso eles são considerados meios de graça.
Eles têm o objetivo de fornecer algo diretamente de Deus aos homens por meio de sinais. Há uma união mística entre o sinal tangível (pão e vinho) e o que ele representa através do ato comunitário e cúltico de compartilhá-lo. Por eles, Deus se revela e manifesta extraordinariamente àqueles que se aproximam dele com fé sincera.
A graça é percebida com muita intensidade e clareza na Santa Ceia. Ninguém pode tomar dos elementos, participar da Ceia, na condição de santo, sem pecado. A mesa é servida para pecadores arrependidos que desejam ser melhores a cada dia. Gente que busca com sinceridade se ver livre de seus pecados e mazelas, e caminhar prosseguido na direção da santidade. Todos os cristãos autênticos participam da mesa da Eucaristia com os corações muito apertados e contritos, compreendendo que são carentes da graça divina e que não merecem o “banquete espiritual” que ela representa. Sabem que é pura graça!
A nossa abordagem teológica sobre a Santa Ceia é que ela é um sacramento, pois promove uma união mística (miraculosa) com o Cristo ressurreto. Entendemos que Jesus está realmente presente nos elementos, contudo não fisicamente ou corporalmente, mas espiritualmente. A pessoa completa de Cristo é desfrutada na Ceia, possibilitada pela comunicação especial do Espírito Santo através do sacramento. Cremos que a presença de Jesus é real, porém espiritual.
Essa forma de pensar difere dos Católicos Romanos que acreditam que o pão e o vinho se transformam no corpo e sangue de Cristo (transubstanciação) e dos Luteranos, que acreditam que o pão e o vinho continuam sendo pão e vinho, mas a presença real e física de Cristo se manifesta neles (consubstanciação). Também pensamos diferente de alguns que afirmam que a Ceia é somente um memorial, nada mais. No nosso entendimento a Santa Ceia, que é um sacramento, tem uma importância muito grande e é o elemento essencial para nos fortalecer na caminhada cristã, até que Jesus retorne em sua segunda vinda e a comamos novamente e pessoalmente com ele.
Entendemos também que qualquer cristão pode, e deve, participar da Ceia, mesmo que perceba que ainda há muito que caminhar, que ainda peca e é frágil. Há uma heresia ensinada por aí que o cristão deve tomar a Santa Ceia somente se está livre de pecados e com os maus hábitos banidos de seu cotidiano. Sendo assim, quem poderia, em sã consciência, tomar dos elementos da Ceia? A chamada é para que nos examinemos a nós mesmos e cheguemos à mesma conclusão óbvia e patente de que somos pecadores necessitados da graça divina. Após o autoexame, somos convidados a pedir perdão e assim comer dos elementos. Não podemos nos esquivar da Mesa do Senhor porque não estamos “santos” o bastante; devemos, sim, participar da Ceia e tomá-la justamente porque não somos “santos” o bastante; e queremos ser melhores pessoas a cada dia.
Posto isso, devemos entender a seriedade dos sacramentos e sua importância para a vida do crente em Jesus. E precisamos pedir que ele, Jesus, e somente ele, nos ilumine para compreendermos essa realidade transformadora do Evangelho.