De acordo com dicionário Aurélio, percepção é o ato de perceber. Quando falamos em percepção do mundo ou das coisas, concluímos que cada um os percebe de acordo com os aspectos que tem, conforme a importância que o mundo ou as coisas têm e os fatores que mais influenciam para essa percepção são a motivação (prestamos mais atenção em tudo que nos motiva e nos dá prazer), as experiências anteriores ou a força do hábito. Também, é real que nossas percepções podem ser alteradas com o passar do tempo em decorrência de situações tais como traumas, história de vida, desilusões, alegrias e etc. E quando falamos das coisas de Deus ou a respeito da nossa relação com Ele? A maneira pela qual se percebe Deus está intimamente ligada pela caminhada e conhecimento que temos dele. Quanto mais negamos a nós mesmo (e isso é mais profundo que imaginamos e definimos), buscamos conhecimento a respeito dele e nos aproximamos dele, mais perceberemos o seu agir e o seu cuidado para com a nossa existência.
Deus se revelou ao homem e continua manifestando a sua existência e cuidados para com a sua criação. E como parte de seu cuidado e amor pela criação, Ele quer que nos aproximemos Dele, mas o homem, corroído pelo pecado e tornando-se inimigo de Deus, se movimenta em direção oposta, agindo e reagindo de forma contrária à ação de Deus; distanciando-se do Criador. Daí, na relação do homem com o seu criador, perceber Deus e a sua ação são fundamentais para entendermos que o seu caminho e a sua vontade são perfeitos e agradáveis; sempre o melhor.
Deus, em toda sua sabedoria, criatividade e amor pela humanidade tem um propósito soberano e o manifesta de várias formas: (i) colocou um arco-íris no céu como sinal de aliança de preservação e vida, (ii) conduziu o povo em meio ao deserto, provendo alimento, segurança e vida, (iii) conservou o profeta Elias no ribeiro, sustentando-o com comida trazida pelo corvo, (iv) estava com Daniel quando este fora jogado na cova dos leões e etc. São alguns eventos que demonstram a presença de Deus, mas é possível, também, que em alguns momentos essa presença não seja tão percebida ou visível; porém Ele continua cuidando e amando a sua criação. O salmista ensina que se estivermos no Vale da Sombra da Morte, não precisamos ter medo, pois Deus está e estará sempre presente. Ele faz o sol nascer a fim de brilhar o caminho em que devemos trilhar. O desejo de Deus para a humanidade é que esta viva a sua vontade de forma plena, percebendo e confiando em seus caminhos.
Para entender e perceber o agir de Deus são necessários (i) autoconhecimento (saber quem eu sou de verdade) e (ii) o conhecimento do próprio Deus (saber quem Deus é de verdade). Autoconhecimento implica em conhecer seus limites, desejos, entender quem você é e o que representa ser criado à imagem e semelhança de Deus. O ato de se conhecer passa pelo entendimento claro da formação de caráter e de um processo no decorrer da caminhada, entendendo que somos uma obra que necessita de reforma no Evangelho a fim de que nos aprofundemos no conhecimento de quem é Deus.
Jesus Cristo é o centro da vida; centro de tudo. João disse que sem ele nada do que foi feito existiria (Jo 1.1-3). Ele é o Cordeiro. Ele é a ponto. Ele é o caminho. Ele é quem possibilita o conhecimento a respeito de Deus. Ele proporciona ao homem experimentar o amor do Pai, o cuidado e direção do Espírito Santo. Sabendo que tudo existe e acontece por meio dele e para Ele, podemos viver em paz. Podemos viver com a certeza de que os planos do Pai nunca falham e jamais falharão. E como me posiciona quanto a isso? Muito simples: reconhecer quem eu sou e quem Deus é. O apóstolo Paulo, com muita propriedade, disse assim: “…pois sei em quem tenho crido e estou bem certo que é poderoso para guardar o nosso tesouro até o dia final”. Ufa, que segurança! Que Deus nos ajude a perceber mais claramente seu mover e presença em nossa caminhada. Que Ele nos transforme para que sejamos mais parecidos com o modelo supremo, o nosso Mestre da vida e da excelência; Jesus Cristo.
Rev. Eduardo Nunes