Porque celebrar o Natal? Quem é Este cujo nascimento celebramos? Venha comigo! Vamos fazer um exercício mental? Desligue o automático…coloque sua atenção e mente no modo “manual”. Vamos lá?
Ouvimos histórias de Natal a muito tempo. Cristãos ou não ouvimos estas histórias, afinal somos uma nação “Cristã” e talvez por isso mesmo, temos dificuldade enorme de sair do óbvio e de ampliar o significado destas histórias. Que sair do óbvio?
Tudo começa com a nossa cosmovisão (maneira de enxergar o mundo), e para nós cristãos parte dela é entendida pelo modo como conhecemos a Deus, e isto nos afeta inclusive modo de pensar e agir. Quer mudar sua perspectiva sobre o Natal e seu autor?
Vamos começar com o a narrativa que está em Mateus 2.1-12. Mateus tem uma história muito particular e ao ler esta passagem precisamos entender que essa história influencia e muito o texto na ênfase e nos detalhes. Mateus era cobrador de impostos em Cafarnaum quando foi chamado por Jesus, o que de imediato nos deixa entender que ele era publicano (ver Mateus 9.9 – 10.3), consequentemente era odiado pelos judeus. Judeu odiado por sua profissão…este é Mateus.
No v.1-b aparecem os “magos” (μάγοι – magi ou magói – observador de estrelas) do oriente. Quem são estes? De onde vêm? São religiosos, sacerdotes, pagãos (provavelmente masdeístas), estudiosos, com posses e bens vindos da Pérsia, Índia ou Arábia. Antes de prosseguir vamos fazer alguns acertos. Não eram 3?!?! A bíblia não relata o número deles. Não eram reis?!?! A bíblia não informa se eram da realeza (o título de reis foi incluído no século III provavelmente por conta da profecia do Salmo 72).
Sabemos que eram magos (ponto), sabemos que historicamente é improvável que esta comitiva fosse de apenas 3 homens, sabemos que eram homens de posse (ricos) e sabemos que eram homens desenvolvidos intelectualmente e religiosamente. Como é que isso foi acontecer? Uma comitiva de homens muito inteligentes e de um contexto religioso diferente, entrarem em uma cidade de judeus dominada pelo governo romano para prestar ADORAÇÃO a um rei desconhecido? Deus move os astros do céu e usa o paganismo religioso de gente de tão longe para mostrar que o Seu Poder e controle não é delimitado, nem pela distância, nem por aqueles que o seguem (ou deveriam). Seu poder não tem limites, não é limitado nem pela crença, nem pela história.
Estes pagãos entraram em uma cidade hostil (Dominada por Roma e cheia de judeus) e guiados por sua crença enfrentaram risco de morte (v.3) ao entrar no palácio de um governante romano e proclamar sua intenção de adoração a um nascido rei (que não era Herodes e nem nenhum dos seus). Nem com todos os seus recursos e ferramentas intelectuais (sacerdotes e mestres da Lei – v.4) Herodes consegue achar este rei. Ele apela então aos magos (v.7). Sem sucesso, a mentira é o que lhe resta. Tudo Falha! Preste atenção, Deus informa com exatidão a localização de Jesus a pessoas que estão a “meio mundo” de distância e ao mesmo tempo impede Herodes que está a poucos quilômetros de achá-lo.
Pergunta: Este Deus de Poder precisava de homens tão distantes para mostrar seu poder? Definitivamente não, mas ele usa homens que não o conhecem como os judeus (perspectiva de Mateus) para mostrar para nós que seu poder age nas pequenas e grandes coisas e acontecimentos da história. Ele conecta tudo com perfeição “milimétrica” de tal modo que os presentes dados (ouro, incenso e mirra) são usados para financiar a viagem e sustento de Jesus e sua família enquanto fugiam para o Egito (Mateus 2.13-14).
Dia 06 de janeiro se comemora a Epifania (manifestação de Cristo aos gentios) e agora sabemos que foi muito mais que isto! Deus revela em seu Filho, nossa Salvação, quem Ele é nos mostrando que seu controle é completo sobre TODA a história humana, seja ela individual ou coletiva.
Somos chamados a abrir mão, do controle, de nossas convicções e direitos e nos alinhar de modo consciente ao Deus que cumprirá em nós TODO o Seu Plano Divino. Que a medida em que Sua Palavra se revela a nós, nosso comportamento e nossa vida seja intencionalmente moldada ao serviço de Deus, que TUDO controla e o Natal nascerá novo, de novo em nossos corações. Feliz Natal!
Presbítero Alessandro Pena