Pai…. Essa palavra tem significado tão pessoal e único para cada um de nós, que a tentativa de defini-la, por completo e para mais de uma pessoa, seria frustrada, ainda que fosse feita entre pessoas de uma mesma família.
Será que isto significa que nunca vamos entender o significado desta palavra? E quando Jesus chama a Deus, nosso Criador, de Pai Celestial em Mateus 5.48? A Bíblia nos chama ao conhecimento de Deus e quem ele é como forma de transformar a nossa vida e experimentar conscientemente Seu propósito.
Muita gente tem tentado fugir desta verdade distorcendo a busca do conhecimento de Deus, dizendo que a mensagem da Salvação é simples, portanto alcança a todos; e todo o resto é por conta do Espírito Santo. Não estou dizendo que não há fatos verdadeiros nesta afirmativa, que é distorcida, mas, o objetivo dela é fugir da realidade. E podemos afirmar isto baseados na premissa Bíblica de que quanto mais conhecemos a Deus, mais sabemos quem somos e quem Deus é. Essa verdade nos transforma e não nos deixa alternativa a não ser reconhecer nossa dependência completa de Deus.
Precisamos entender quem Deus é, quem é esse nosso Pai. E neste momento propício de Dia dos Pais proponho nos esforçarmos espiritual e intelectualmente (sabendo que não há separação para a ação do Espirito Santo) para alcançar este entendimento. Vamos lá?
Desde o Antigo testamento Deus é chamado de Pai e em toda a extensão Bíblica, até que Jesus, o filho, chama a Deus de Pai. E há um relato bíblico em particular em que Jesus explica a paternidade Divina em relação a nós em João 8.25-47.
Vamos começar do contexto. Jesus sai do Monte das Oliveiras e vai ao templo para ensinar o povo, então os mestres da lei e fariseus trazem até Ele uma mulher adúltera para ver o que faria e como o acusariam. Ele começa a escrever no chão e diz a famosa frase: “Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar a pedra nela”. Os acusadores foram saindo um a um até estar somente Jesus e a mulher. Jesus, então, pede a ela que abandone sua vida de pecado. É dentro deste contexto que se desenrola o trecho que vamos refletir.
O povo pergunta a Jesus: Quem é você? Como de costume, a resposta de Jesus não é compreendida, então Ele começa a explicar e muitos passam a crer; mesmo assim continuam sem entender de fato. Jesus então diz que Sua palavra os libertará. Eles entendem que o Mestre não está falando de liberdade no corpo (direito de ir e vir) e sim espiritual, entretanto o povo não se considera escravo e por isso “acham” que não precisam de ser libertos. Jesus então lhes revela sua escravidão e sua condição distantes da família de Deus e mostra que, apesar de descendentes de Abraão, a família a que estão ligados é outra. O povo continua insistindo em sua descendência sanguínea para se justificar.
Jesus se aprofundando na explicação vai retirando do povo a possibilidade de lançar desculpas aos seus argumentos e mostra a eles quem verdadeiramente são em relação a Abraão. A insistência do povo permanece, e Jesus então revela a eles a qual família de fato eles pertencem e retira ainda mais as desculpas em que se apoiavam. Tudo que Jesus fez foi revelar quem eles eram, revelando também quem Ele é, e quem é o Pai.
O texto nos chama a reavaliar nossa própria conduta e comparar nossa realidade com a pergunta de Cristo: “Se estou falando a verdade, porque vocês não creem em mim?” (João 8.46). Para chamar a Deus de Pai e fazer parte da família da fé devemos reconhecer quem Deus é, e diante da falta de “desculpas” ou argumentos para validar nossa própria visão distorcida, de quem somos e do que merecemos, ceder ao argumento de Cristo, encarar nossa realidade e mudar nossa vida.
Não importa o que você passou em sua vida, o que a palavra “pai” significa para você ou como você desenvolveu a compreensão dela. A chamada de Cristo é para você HOJE, para reconstruir e dar novo significado ao que se perdeu, ou ainda, ao que você pensou ter como certo.
Chamar a Deus de Pai e fazer parte da família da fé é sobretudo destruir nosso orgulho, nossa construção social equivocada, nossa arrogância impetuosa, nosso moralismo imoral e deixar a reconstrução começar, e assim alcançar a liberdade pela verdade, conforme ele mesmo disse (João 8.32).