A Vida Eterna é um tema muito importante nas Escrituras, mas muito mal interpretado e mal-entendido por muita gente por aí. A maioria das pessoas gosta de pensar nela como algo ainda por vir, o lugar onde vamos morar eternamente com Jesus. Não que esteja errado pensar assim, mas o problema é pensarmos que a vida eterna somente acontecerá quando morremos ou quando Jesus voltar.
O Evangelho de João fala o tempo todo dela (17 vezes). Ele a apresenta como sinônimo para o Reino de Deus, isso porque ele entende que essa vida eterna já está no meio de nós – como o Reino de Deus já está! Jesus, e aqui em João fica muito claro isso, informa que o Reino está no meio de nós, ele está em nós. Assim, o conceito de Reino foi “espiritualizado”, pois não mais esperamos a inauguração de um reino político, temporário, aqui na terra, mas a nossa grande esperança é aquele Reino Eterno, a nossa vida eterna, onde somente os nascidos de novo farão parte – e isso já está acontecendo!
Neste evangelho de João, o Reino de Deus agora é entendido como a habitação transcendental de Deus nos regenerados em Cristo Jesus – Cristo em nós é que, de fato, é a vida eterna. Jesus veio para salvar e dar a vida eterna e abundante aos seus! O sentido da expressão “Vida Eterna”, assim, precisa ser entendido por “qualidade de vida”, enfatizando o seu aspecto qualitativo e não meramente quantitativo. Existe um Reino celestial, habitado por seres transformados, seres que, com muita propriedade, são chamados de filhos de Deus – aqueles que nasceram de novo. E essas pessoas regeneradas, que receberam o revestimento da natureza metafísica de Cristo, são o Reino propriamente dito. Elas compartilham da vida de Deus, e esse tipo de vida é muito mais do que uma vida meramente sem fim; pelo contrário, é uma vida plena na presença de Deus. Na realidade, é a vida de Deus em nós; é a vida de Cristo e com Cristo para todo o tempo, inclusive no tempo de hoje.
Portanto, Vida Eterna, não é meramente uma vida sem fim (a simples imortalidade), e sim, um tipo de vida, a mais elevada que existe – é conhecer a Deus e seu filho, como João afirma (João 17.3). Trata-se de uma vida onde a imagem de Deus é refletida nos humanos regenerados, segundo o padrão do nosso irmão mais velho, Jesus Cristo, conforme Romanos 8.29. Essa vida eterna, tão desejada por nós, é uma forma de vida que não focaliza meramente na sua duração, mas na qualidade dela, como já disse. Ela não é só “não ter fim”, mas ter um fim eterno com Jesus (porque até mesmos os perdidos terão vida sem fim, longe de Jesus).
Ora, essa vida eterna está nele, em Cristo, porquanto é em Jesus que encontramos o modelo e o padrão da vida eterna, conforme ela se manifestará plenamente no porvir na humanidade remida. E é exatamente por essa razão que Jesus assumiu a nossa natureza humana, sofreu as asperezas da existência humana em um corpo mortal, morreu a morte de um mortal, foi ressuscitado e glorificado, e assim mostrou-nos o caminho, abrindo a vereda para o homem até Deus. Sabemos que, juntamente com Cristo, haveremos de participar plenamente de tudo aquilo de que ele também participou, e isso começa aqui nesta dimensão terrena.
Vale também ressaltar que, nestes versos que lemos, o perecer, ou seja, o perder a vida eterna com Jesus, em seu aspecto mais sério, consiste em “perder” o grande destino que o homem possa possuir na pessoa de Cristo. Perecer sem Jesus é viver eternamente sem ele, longe da pessoa de Deus. Por isso, o destino feliz e eterno final, o da eternidade com Jesus, é o destino infinitamente maior e mais glorioso – é, de fato, a vida eterna; mas, somente os indivíduos regenerados, os eleitos em Cristo, podem participar de tal sorte – os não eleitos perecerão! O verso 18 explica com clareza essa afirmação!
Deus ama o mundo de maneira tal ao ponto de dar seu único filho para salvar vidas! Isso é lindo e poético, mas é inevitavelmente duro perceber nestes mesmos versos que essa mesma ação divina trará julgamento para aqueles que perecerão eternamente sem Jesus. Quem não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus, portanto, não terão a vida eterna abundante com Jesus e os seus amados.
Para isso é necessário que Jesus cresça, apareça, se desenvolva, e nós diminuamos. João, o batista, falou isso com propriedade e nós devemos entender essa verdade para os tempos de hoje. “Convém que ele cresça e eu diminua” para que os efeitos maravilhosos da nova vida em Jesus, da vida eterna em nós hoje, sejam vistos e percebidos onde quer que formos.
Que Deus, o Pai, nos ajude a viver essa vida eterna hoje de forma abundante e feliz. Que seja assim, amém!