Neste texto das Sagradas Escrituras nós nos deparamos com alguns fariseus e alguns escribas à mesa com Jesus, questionando o porquê os discípulos de Jesus comiam sem lavar as mãos. Na sequência vemos o Mestre dar uma resposta pouco educada, para não falarmos em uma resposta agressiva e ofensiva, quando os chamou de “hipócritas”.
Mas, por que o Messias reagiu daquela forma a uma pergunta aparentemente inocente? Quem de nós não tem por hábito lavar as mãos antes das refeições? Ou de tomar banho, ou ainda de lavar as vasilhas e trocar a roupa de cama?
Os Fariseus compunham uma corrente teológica de judeus responsáveis por guardar e zelar pela lei. Eles faziam parte uma liderança religiosa e sua função era fazer com que a lei fosse cumprida. Já os escribas, estes eram chamados doutores e mestres, ou seja, homens especializados no estudo e na explicação da lei ou Torá. Os escribas eram partidários de diferentes correntes do judaísmo, tais como os fariseus (que eram a maioria), os saduceus e os essênios. Esses homens perguntaram por que os discípulos comiam com as mãos impuras. Esta pergunta não tem absolutamente nada a ver com higiene pessoal ou qualquer outra norma sanitária. Ela faz uma alusão a um ritual de purificação do corpo. A preocupação deles era como os discípulos de Jesus se apresentavam diante da mesa com o corpo e a alma impuros, conforme a tradição dos anciãos. Eles acreditavam que ao tocarem em coisas “impuras”, eles se tornariam também impuros se não se submetessem a um ritual de purificação.
Aqueles homens tinham em seu coração o desejo de matar a Jesus (Marcos 3.6) e se achavam “santos” ao cumprirem a tradição judaica. Além deste sentimento de ódio, os legalistas estavam baseando suas acusações em uma tradição repassada verbalmente de geração em geração, a chamada Torá Oral. Essa tradição não fazia parte da lei mosaica, também chamada de Torá Escrita, a qual era composta pelos 5 livros escritos por Moisés, o Pentateuco.
As tradições e os ensinamentos orais não tem nada de errado em si. Eles passam a ser pecado quando tomam o lugar dos ensinamentos da Sagrada Escritura. Para ilustrar esse grande pecado, o Senhor Jesus cita que a Lei era clara em ordenar que os filhos honrassem seus pais. Isso incluía, além de todos os cuidados, o sustento financeiro. Mas a tradição permitia que se o filho alegasse que o sustento financeiro devido a seus pais segundo a lei era “corbã”, isso é, seria uma oferta para Deus, com essa palavra “mágica” ele estaria desobrigado de obedecer ao quinto mandamento (Marcos 7.11). Dessa forma, os fariseus com sua tradição anulariam a Lei Sagrada de Deus. Com esse exemplo Jesus encerra a discussão sobre lavar as mãos. É por isso que o Mestre cita o profeta Isaías e os chama de: “hipócritas, com os lábios me honram, mas seus corações estão longe de mim”.
Jesus passa então a ensinar à multidão e aos seus discípulos dizendo que o que contamina o homem não é o que entra pela boca, pois o que entra pela boca vai para os intestinos e não contamina o coração. Mas o que está no coração, isto sim, contamina todo o homem, pois do coração do homem é que procedem todos os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba e a loucura (Marcos 7.21-22). Para esses corações é que existe a Lei. Para apontar os pecados que os levarão para a morte eterna e, ao mesmo tempo, mostrar o ÚNICO CAMINHO para a remissão dos pecados, que é Cristo, através de quem obtemos a vida eterna.
Um coração voltado para Cristo, dentro da vontade e da Lei de Deus, é um coração cheio do Espírito Santo de Deus. E deste coração, onde há o Espírito, procede o bom fruto, a saber, amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas, não há lei. E os que são de Cristo Jesus, crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito. (Gálatas 5.22-25).
Onde está o seu coração? Com certeza é ali que está seus valores de vida (Mateus 6.21). Que Deus nos abençoe.