Historicamente, a figura paterna representou disciplina, limite. Não que isso seja ruim por si só; limite e disciplina fazem parte das funções de um bom pai e de uma boa mãe. O problema foi que, em muitos casos, a figura paterna ficou exclusiva para esses temas; e ficou excluída do carinho e do brincar. Em filmes (e em alguns lares), quando o filho “apronta”, pode-se ouvir: “Quando seu pai chegar em casa você vai ver só!”. Mas essa frase não é dita quando uma brincadeira nova surge, quando uma descoberta acontece. E é nessa falta de equilíbrio que mora o problema.
A presença do pai pode ser de contato e proximidade, ou de ansiedade e medo. Ou então, pior: de indiferença. O chamado aqui é para olharmos para o nosso maior modelo de paternidade: nosso Aba Pai, nosso Deus querido. Para ser um bom pai e, até mesmo, sermos capazes de perdoar nossos pais, é essencial começar olhando para Deus.
Deus é um pai de amor. A palavra amor remete a muitos sentimentos, mas amor é escolha. É escolher amar o “pacote completo”: com defeitos, com qualidades, com dias bons e dias ruins. Deus amou tanto seus filhos que enviou Jesus para salva-los (João 3.16). Ele não poupou dor e sofrimento para trazer seus filhos para perto de si. E, vamos falar a verdade: somos filhos rebeldes e ingratos, muitos dos dias. Nem sempre estamos de bom humor e nem sempre queremos servir a Deus e ao próximo. São esses os filhos que Deus resgatou. São esses os filhos que Deus ama “com amor eterno”.
Um bom pai é um pai de amor. Um pai que se entrega por seus filhos. Um pai que quer os filhos próximos de seu coração. Amor é proximidade. Amor é contato. Um bom pai é um pai próximo e que se relaciona com os filhos. Vale destacar: relacionar-se com outras pessoas é muito difícil! Temos nossas diferenças, e nos colocamos em um lugar de “vulnerabilidade” quando estamos em um relacionamento. Mas apenas na vulnerabilidade é que há verdadeira conexão; quando eu consigo me expor e quando o outro também consegue. E mesmo havendo diferenças, escolhemos (olha o amor aí!) caminhar juntos. (Uma pausa para recomendar a autora Brené Brown, da qual tirei essas definições de vulnerabilidade e conexão).
Deus é um pai presente. Em todo tempo; seja quando andarmos pelo vale da sombra da morte ou quando estivermos sentados à mesa de banquete (Salmo 23). E essa presença implica no equilíbrio que falamos antes. Deus é um Pai de amor total. Mas é o Pai que disciplina seus filhos. Que permite que caiam e que levantem. Que permite dias de sorriso e dias de choro. E essa presença constante, em todo o tempo, traz confiança para nós, seus filhos.
Um bom pai sabe o momento de falar sério, de disciplinar, de trazer a “dura realidade da vida”. Mas também sabe o momento de brincar, de rir, de fazer palhaçada junto do filho. O bom pai vive os momentos da relação com o filho intensamente e de forma presente. Ele não se esquiva da disciplina, mas também não se ausenta dos momentos de brincadeira e cuidado. O equilíbrio da presença gera confiança. Um bom pai tem filhos que confiam nele (mesmo que ele também tenha defeitos e qualidades, dias bons e dias ruins).
Deus é nosso Pai perfeito – Ele não falha. Pais humanos falham. O chamado aqui não e para perfeição, mas para perdão e para reconciliação. Hoje é tempo de mudança – para pais e filhos. Comece nesse Dia dos Pais. Perdoe, peça perdão, recomece.
Que sejamos mais parecidos com nosso Pai, com amor e presença, em todo tempo.
Feliz Dia dos Pais!