De acordo com o salmista Davi (Salmo 23.4), o consolo da ovelha bem cuidada por um bom pastor emanava do uso correto da vara e do cajado, de ambos instrumentos. Sendo assim, precisamos rever alguns conceitos para que possamos compreender o que vem a ser o uso abençoador da vara e do cajado para a saúde e felicidade de nossos filhos, e para alegria nossa, seu pais.
O primeiro conceito que se faz necessário é o que vem a ser o CAJADO. Essa é uma ferramenta do pastor que denota autoridade e disciplina para com seu rebanho (diferente da vara). É com ele que o pastor disciplina e exorta suas ovelhas, não com a vara, como muitos pensam. Quando o pastor percebe que uma determinada ovelha começa a se afastar com certa frequência do restante do rebanho e passa a correr perigo, ele precisa fazer com que ela se mantenha dependente e próxima de seu cuidador. Assim, com habilidade e firmeza, ele usa a parte superior do cajado, o seu “gancho”, para trazer o animalzinho para perto de si, o que muitas vezes o “machuca”. A dor faria com que aquela determinada ovelha procurasse mais conforto e segurança próximo ao seu pastor.
Outro conceito de extrema importância é o da VARA. Aqui é que a diferença entre a vara e o cajado se faz com muito mais clareza. A vara, o bordão, ou porrete, é um pedaço de madeira sólido, talhado pelo próprio pastor, parecido com um taco de beisebol. Esta ferramenta era de extrema valia e importância para a sobrevivência do rebanho e tinha as seguintes funções:
- Proteção e Segurança – Ele a tinha como arma de defesa para seu rebanho. Quando da chegada de um predador, ele não podia errar: apontava a vara para o animal, e com destreza acertava seu “focinho”, livrando suas ovelhas dos oportunistas. A proteção e segurança de uma vara na mão de um adestrado pastor traziam consolo e paz para a vida do rebanho, indefeso e carente.
- Carinho e Afeto – Com a vara, o pastor andava por entre o rebanho e acariciava a cabeça e o corpo das ovelhas. Era uma forma de tocar a ovelha, que percebia o amor e o cuidado do pastor através da vara encostada à suas costas e cabeças. Também era usada, enquanto tocava as ovelhas, para descobrir se havia pestes, piolhos, carrapatos, etc., abaixo do pêlo do animal. Um pastor cuidadoso não poupava a vara aos seus animais, pois o uso constante e frequente deste instrumento pouparia muito sofrimento aos pequeninos animais, indefesos ante as pragas comuns de ovelhas, especialmente em determinadas estações do ano.
- Direção e Orientação – A vara também era o instrumento que o pastor usava para direcionar e orientar aquelas ovelhas mais desobedientes. Ele tocava de leve, mas com firmeza, no lombo delas, apontando assim o caminho que deveriam seguir. Não era usada para bater no animal, mas sim para direcioná-lo para o caminho certo, para sua total segurança.
Não há como negar o uso das duas ferramentas do pastor de ovelhas, contudo creio que podemos aplicar muito bem este conceito na educação de nossos filhos. Gostaria de sugerir que nós “sentássemos a vara” neles, como diríamos nós mineiros: sentássemos a Proteção e Segurança, o Carinho e Afeto, e a Orientação e direção; desta forma, com certeza usaríamos muito pouco o “cajado”.
Precisamos da vara e do cajado, como pastores de almas que somos dos pequeninos a nós confiados, e usá-los para o bem de nossos filhos e filhas, preciosidades que Jesus nos deu para que cuidássemos deles.
Só posso clamar a Deus que nos dê sabedoria para sermos bons pastores à semelhança do supremo Pastor de nossas almas, e que saibamos usar com habilidade e destreza os instrumentos abençoadores deixados a nós por nosso amado Pai.
Que seja assim.