Donald Winnicott foi um psicanalista e pediatra inglês do século XX. Ele observou bebês e a relação deles com suas mães, e constatou que esse vínculo traz grandes consequências para os outros vínculos que estabelecemos ao longo da vida.
Inicialmente, a figura materna é aquela que supre as necessidades do bebê, adaptando-se a ele. Mas essa atenção e dedicação não é sustentável por muito tempo, naturalmente. Por isso, gradativamente, a criança sente frustrações nessa relação com a mãe, que não consegue suprir 100% de suas necessidades (embora muitas tentem). A mãe é, afinal, humana. Essa mãe, humana, é a mãe “suficientemente boa”, de acordo com Winnicott. É a mãe que, ao não conseguir suprir com todas as necessidades e demandas de sua criança, ensina a frustração, ensina o limite, a começar pelo limite dela mesma. No final das contas, mães não são super-heroínas. Mães não tem superpoderes. Mães são humanas. Elas “fazem o que podem, e não mais” (Winnicott, 1970).
Um ponto de reflexão importante é que ser suficientemente boa não significa ser “mais ou menos”. Não significa negligenciar cuidados e afeto. Significa aceitar a própria humanidade, ter limites e frustrações, perdoar e ser perdoada. Significa tentar, dia após dia, ser uma pessoa melhor. Significa chorar quando erra com os filhos. Significa sorrir de orgulho. Significa saber ouvir e reconhecer seus próprios tropeços, mas também saber dizer das suas próprias qualidades e conquistas. Significa desenvolver esse relacionamento complexo e lindo com seus filhos. Isso é ser suficientemente boa.
Um outro ponto de reflexão é o misto de sentimentos que a maternidade traz. E não apenas para as mães! Algumas pessoas já perderam suas mães. Outras não tem um bom relacionamento com suas mães. Outras são mães e tem sofrido nessa relação. E outras não são mães. Mas todas essas pessoas tem em comum a sua humanidade. Todas precisam sentir amor, receber perdão, ter vínculos com outras pessoas e dar e receber afeto. Para esse misto de sentimentos, estando feliz ou triste, lembremos Daquele que é nosso Consolador, nosso “todo bom” Deus. O Deus que, na nossa insuficiência, se faz totalmente suficiente. Aquele que nos diz: “Eis que nas palmas das minhas mãos te gravei.” Isaías 49:16.
Para esse Dia das Mães, nos convido a encararmos nossa “suficiência insuficiente”. A perdoar e a receber perdão. A criar relacionamentos uns com os outros. E especialmente, recorrer cada dia mais àquele que é todo bom; que é toda a nossa suficiência. Um feliz e abençoado Dia das Mães!